O otimismo econômico leva a crer que a perspectiva de novos empregos é positiva em 2020. Embora o cenário seja aparentemente promissor, as mudanças provocadas por novos hábitos e novas tecnologias ainda causam certa sensação de incerteza. Perguntamos a três especialistas em carreira e recrutamento quais as expectativas em relação ao mercado para o ano que vem e como profissionais podem se preparar e se posicionar frente a este futuro bem próximo.
Crescimento na carreira
“Perceber as tendências de mercado significa estar um passo à frente da concorrência. O ano de 2020 está chegando e traz um aumento do otimismo em relação ao futuro, com foco maior na agilidade, humanização e diversidade nas empresas. Existem estimativas para a economia brasileira que indicam que o PIB deve crescer no próximo ano o dobro do que o de 2019, uma taxa em torno de 2%. Essa informação nos leva a crer que o desemprego deve apresentar uma ligeira queda. Entretanto, ainda é comum vagas serem abertas e ainda faltarem pessoas qualificadas para preenchê-las. É perceptível o quanto a força de trabalho está mais diversificada, com equipes compostas por pessoas de várias gerações, origens, culturas e locais. Em 2020, isso irá aumentar. A inteligência artificial será cada vez mais presente em nosso cotidiano.
Crescimento na carreira, buscar novidades e tendências, curiosidade, empatia e inquietação serão fundamentais para atuar nesse cenário. Vence quem evolui. E evoluir é desenvolver novas habilidades e competências. A minha sugestão é que em 2020 você possa construir uma carreira inspiradora. Busque autoconhecimento, amplie o seu networking, cuide do corpo e da mente. Construa vínculos positivos, respeite as diferenças e aprenda sempre.” Madalena Medeiros, executiva da Mobile Consultoria e Fastjob, palestrante e consultora organizacional e de carreira
Mercado aquecido
“As expectativas para 2020 são positivas, tendo em vista o aquecimento do mercado de trabalho neste final de ano. A retomada da economia e os novos planos de governo têm trazido novos investimentos por parte dos empresários em seus negócios, gerando novas oportunidades no mercado de trabalho. Por outro lado, precisamos estar tatentos à virada para a tecnologia que muitas profissões estão enfrentando e, consequentemente, suas atividades operacionais. Por isso, compreendendo as necessidades do mercado atual, algumas profissões já têm se posicionado muito mais como consultoras/conselheiras de negócios do que necessariamente executoras das rotinas.
O crescimento das startups está nos mostrando que precisamos otimizar as atividades, investir em tecnologia e inteligência artificial, exigindo um perfil diferenciado dos profissionais para uma atuação mais estratégica e contributiva para as soluções dos negócios. O profissional de mercado precisa, portanto, reinventar sua carreira, passando a ser mais protagonista deste momento e utilizando-se das ferramentas que possam agregar valor às suas entregas, sejam estas no mercado formal (celetista) ou na forma de empreendedor.” Lise Aguiar, Mentora de Carreira/Head Hunter.
Expectativa positiva
“A incerteza no mercado ainda presente e a velocidade das mudanças provocadas por novos hábitos e tecnologia acabam se correlacionando com um ambiente profissional que confirma criatividade, adaptabilidade e olhar crítico como competências-chave para o novo ano. Há ainda que se dizer que se por um lado a tecnologia avança, por outro a demanda por relações saudáveis que requerem alto nível de inteligência emocional e humanização equilibram parcialmente o jogo. Os investimentos estão voltando e a melhora ainda que tímida já é percebida, criando uma expectativa positiva sobre o balanço de empregos. Empresas e sociedade estão (e devem) sair dessa crise diferentes do que entraram, surgindo novas relações profissionais. Precisamos estar atentos ao protagonismo do processo de aprendizagem, visando diferenciação e aumento da competitividade.
Essa aprendizagem tem se mostrado cada vez mais experimental e menos tradicional. As pessoas estão menos dispostas, por exemplo, a contratar cursos longos de 4 anos de duração, optando por experiências mais curtas como seminários, viagens, entre outros, que, pela natureza diversificada, contribuem para um profissional multiatuação. Para os que estão buscando recolocação, estejam presentes nas plataformas digitais de recrutamento como LinkedIn, procurem vagas que possuam afinidades com seus pontos fortes. Na hora da entrevista, demonstrem, ainda que minimamente, alguma proximidade com tecnologia, flexibilidade e mantenham a energia alta, mesmo que a jornada esteja difícil. E, em algum momento, solte um sorriso.”
Hallyson Bezerra é Gerente de RH que fez transição de carreira após uma jornada em finanças corporativas, com formação em contabilidade e pós-graduação em finanças.