O conteúdo que você posta no Instagram pode contar a favor da sua contratação ou acabar te eliminando de uma seleção. Sim, os recrutadores não estão de olho apenas no Linkedin, onde currículo e experiências profissionais estão publicadas. A rede social de fotos e vídeos também pode entrar na análise de quem está procurando o candidato ideal para uma vaga.
Postura profissional
Lançado em 2010, o Instagram segue influenciando comportamentos e ditando tendências de marketing para marcas e pessoas. Profissionais que querem promover seu trabalho e ser o candidato ideal de uma vaga de emprego também podem tirar proveito dessa rede social. “Apesar de o Instagram não ter essa função direta como uma rede social para networking profissional, o conteúdo que postamos nesse espaço fala muito sobre nós mesmos”, avalia Alison Marques, jornalista e professor de Marketing Digital, mestre em Administração pela Universidade de Fortaleza.
Para Alison Marques, o Linkedin continua sendo a principal rede social para o networking profissional, mas outras redes, como Facebook e Instagram, podem complementar o trabalho de marketing pessoal. “É nessa rede (Linkedin) onde os recrutadores estão, para analisar currículos, recomendações, experiências, conteúdos compartilhados e postados. Para as outras redes, como Facebook e Instagram, os recrutadores vão observar o dia a dia, as comunidades que as pessoas participam, perfis que estão seguindo e as relações estabelecidas”, observa.
O posicionamento político, por exemplo, divide opiniões. Para Alison Marques, o problema não é a visão política, mas quando os extremos indicam um postura violenta e desrespeitosa. Isso, sim, pode ser decisivo para um recrutador rejeitar determinado candidato. “Uma vez, estava selecionando um profissional e, ao ver as redes sociais dele, havia uma postagem atacando a cultura e os artistas. Esse tipo de comportamento fala muito. O que esperar de uma pessoa assim, no cotidiano profissional? Os recrutadores estão de olho no Linkedin, para ver sua ‘performance’ profissional, e no Facebook e Instagram, para entender as entrelinhas do comportamento cotidiano”, argumenta o professor.
Vitrine
Profissionais que trabalhem com produtos ou serviços com forte apelo visual têm o Instagram como vitrine. Isso pode acontecer particularmente com fotógrafos, profissionais da moda e da gastronomia. Nesses casos, orienta Alison Marques, é importante que eles aproveitem a rede social como um espaço de oportunidade, investindo em conteúdo de qualidade.
“Se você é um fotógrafo, seu feed precisa estar alinhado e com a qualidade das imagens que você costuma vender. Nos stories, mostre o ‘behind the scenes’, os bastidores daquele ensaio fotográfico. Se você é um chef de cozinha, apresente os pratos no feed e nos stories, o preparo. O mesmo serve para outros profissionais que não têm tanto apelo visual. Por exemplo, para um advogado que quer estabelecer uma conta mais profissional, sabe que não pode ‘vender’ seu serviço e falar sobre causas ganhas, apresentar clientes. Mas, no Instagram, ele pode abrir um canal para tirar dúvidas, mediante as demandas da população”, indica Alison Marques. “A pergunta que cabe para todos os profissionais, independente do segmento, é: que conteúdo relevante vou produzir para os meus seguidores?”, acrescenta.
Posicionamento
Fazer uma autoanálise sobre o que você comunica com a sua rede social é o primeiro passo para quem quer melhorar o seu posicionamento no Instagram. Para ajudar nessa autocrítica, Alison Marques sugere que o profissional faça pergunte a si mesmo: “Como está seu feed e a qualidade das fotos? Que tipo de conteúdo está postando? Isso está aproximando ou afastando as pessoas? O que posta é relevante?”. Outro fator a ser considerado é a frequência de publicações e a presença no Stories. “É importante estabelecer relações, curtir, comentar, seguir perfis que tenham a ver com o seu, com o conteúdo proposto. É preciso estudar a audiência orgânica, saber os melhores dias e horários, por exemplo. E o mais importante: não comprar seguidores”, orienta.
Dica de ouro
“É importante entender o propósito de cada rede social, saber explorar suas possibilidades e criar relações fortes, duradouras. O Linkedin permite uma construção mais profissional para acompanhar empresas, escrever artigos, participar de comunidades, acompanhar recrutadores e outros profissionais para networking. O perfil deve estar com suas informações completas e precisamos escrever recomendações para poder recebê-las. No Facebook, que é algo mais pessoal, do cotidiano, precisamos estar atentos com o que postamos. Nossas opiniões revelam muitas coisas e isso pode ser um fator decisivo. Estamos sendo observados e julgados o tempo inteiro. Participe de grupos, acompanhe empresas, construa um perfil relevante. E no Instagram, as dicas são semelhantes às do Facebook. É uma vitrine. Imagine-se como uma loja. Quem passar pela frente, vai querer entrar ou se afastar? Prepare um conteúdo que tenha relevância, além de mostrar o seu dia a dia. Isso humaniza, mas não significa que precisa postar aquela foto ‘bem animada’ de uma festa. Use o bom senso que dá certo!”
Alison Marques, jornalista e professor de Marketing Digital, mestre em Administração pela Unifor.