Como lidar com a flacidez pós-parto?

Um assunto polêmico após a gestação é a flacidez. Buscando evitá-la, muitas mamães procuram tratamentos ainda durante a gravidez. Segundo as fisioterapeutas Danielle Paiva e Isabel Fernandes, as mulheres estão mais que certas em buscar ajuda especializada dentro dos nove meses e também após o parto.

A flacidez consiste na fraqueza muscular pélvica e/ou abdominal, sendo a musculatura do assoalho pélvico composta pelos músculos que vão da vagina ao ânus, explica Danielle Paiva, fisioterapeuta da Saúde da Mulher e Mestre pela Universidade Federal do Ceará (UFC). "A flacidez no pós-parto tem tratamento e, dependendo do caso, a gestante se recupera completamente”, esclarece Isabel Fernandes, fisioterapeuta formada pela Universidade De Belo Horizonte (UNIBH), com mais de 15 anos de experiência no atendimento de gestantes e gestantes de alto risco na preparação para parto normal e parto humanizado, durante o trabalho de parto e pós-parto.

“Na maioria dos casos, a fisioterapia pélvica tem resultados satisfatórios, devolvendo a qualidade de vida das mulheres. Dependendo do caso, a mulher fica curada 100%. Fatores importantes para a cura são a disciplina no tratamento e procurar o quanto antes se tratar”, ensina Danielle Paiva.

Segundo Isabel Fernandes, toda mulher vai ter flacidez pós-parto, algumas mais, outras menos. Já Danielle diz que isso não acontece em toda grávida, mas também não dá para garantir que futuramente algumas disfunções não aparecerão, como dor na relação sexual, flacidez muscular, incontinência urinária e/ou fecal. “Certamente, a mulher que tem mais consciência dessa parte terá menos chance de ter disfunções e em níveis menos severos”, argumenta Danielle.

Como evitar
O ideal é que a mulher prepare seu corpo para engravidar, fazendo atividade física, ficando de olho no ganho de peso e seguindo uma dieta equilibrada, além de não fumar e de evitar bebidas alcoólicas, comenta Isabel Fernandes. “Gestante, prepare seu corpo assim como você vai preparar o enxoval e o quartinho do bebê. Aproveite cada momento. Tenha em mente que essa fase vai passar, só vai depender de como você vai levar. Então, assim que descobrir a gravidez, procure seu obstetra e um fisioterapeuta", orienta a profissional formada na UNIBH.

Na gestação, acrescenta Danielle Paiva, a mulher deve fazer uma avaliação com fisioterapeuta pélvico  para saber se tem consciência dessa musculatura. “A partir daí, serão traçadas as condutas. Ela pode ficar sendo acompanhada pela fisioterapeuta (a frequência vai depender da idade gestacional e das queixas da gestante) e também pode associar com uma atividade física, como pilates ou musculação, informa a fisioterapeuta da Saúde da Mulher.

E após o parto?
“No pós-parto, não tem como evitar, mas é possível corrigir. A mulher deve dar continuidade à drenagem linfática e voltar com os exercícios, mas somente com a liberação do médico e orientada pelo seu fisioterapeuta, seguindo uma alimentação correta e bebendo muita água”, sugere Isabel Fernandes. Danielle Paiva ensina que se deve contrair a musculatura perineal junto com a abdominal antes de qualquer esforço, como espirrar, tossir, pegar o bebê no berço etc.

Ela enfatiza que a mulher não deve se acomodar. Deve, pelo contrário, buscar orientações sobre a postura nas atividades de cuidado com o bebê, o que prejudica muito a função das musculaturas abdominal e perineal. Se estiver com dificuldades para perder peso, Danielle sugere que a mãe busque um nutricionista especialista na saúde materna. “E, sem dúvida, não achar que incontinência urinária e dor na relação são besteiras que depois irão passar. Infelizmente não é assim. Pode ser que piore, como também os sintomas podem desaparecer, mas isso não significa que a musculatura esteja boa. Numa segunda gestação, os sintomas podem ser piores”, descreve a profissional.

VERDADES E MITOS

Cremes
- Conforme Isabel Fernandes, a mulher deve procurar um dermatologista para avaliação durante a gravidez e, se necessário, fazer uso de cremes específicos para a correta hidratação da pele no pré-parto e no pós-parto. “A gestante deve ficar atenta e só utilizar o que o médico receitar. Nada de cremes ou pomadas indicadas por terceiros”, reforça a profissional.
- Danielle Paiva também considera que os cremes podem ajudar muito, pois hidratam a pele, podendo, dessa forma, prevenir o aparecimento de estrias.

Cintas
- As cintas são recomendadas para o uso logo após o parto e por um tempo determinado, para que a gestante tenha maior conforto e menos dores, informa Isabel Fernandes. O profissional responsável pela indicação do tipo de cinta e seu uso correto é o fisioterapeuta, acrescenta;
- Para Danielle Paiva, as cintas mais atrapalham do que ajudam, pelo fato de apertarem e não permitirem que a mulher faça a contração da musculatura abdominal de forma adequada. “O que vai melhorando a musculatura não é o uso da cinta, mas a ativação da musculatura abdominal”, declara.