Às 16h30 desta sexta-feira (21) convenção nacional do PDT deve oficializar a pré-candidatura do cearense Ciro Gomes à presidência da República. Será a quarta vez que o ex-governador tenta chegar ao Palácio do Planalto.
O evento, que deve anunciar a nova marca da pré-campanha nas redes sociais, ocorre sem a presença de lideranças políticas de outros partidos. Marchando sozinho, assim como em 2018, o ex-ministro segue na batalha para atrair aliados.
Ao Diário do Nordeste, o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, disse que mantém conversas com a ex-senadora Marina Silva (Rede) para a composição da chapa majoritária, mas que ainda não houve avanços quanto às definições com ela nem com ninguém.
Por conta da pandemia da Covid-19, a reunião do partido ocorrerá de modo híbrido, com a presença de apenas 30 dirigentes nacionais no evento. O restante acompanhará a convenção virtualmente.
Alianças
O presidente do PDT no Ceará, deputado federal André Figueiredo, minimizou o fato de o ex-ministro ainda não ter agregado aliados para a disputa de outubro. Ele lembra que a candidatura conquistou quase 13% dos votos válidos em 2018 com chapa pura. O índice, no entanto, não foi suficiente para chegar ao segundo turno.
"Quem quiser vir será bem-vindo", diz o parlamentar. Figueiredo também nega qualquer pressão envolvendo Ciro dentro do partido. Nos bastidores, lideranças pedetistas estariam incomodadas com a falta de reação do pré-candidato nas pesquisas de intenção de voto.
Nos últimos levantamentos, de institutos diferentes, Ciro tem ocupado o quarto lugar na corrida presidencial, atrás do estreante em disputas eleitorais, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos).
Os baixos índices de intenção de voto acabam desmobilizando os próprios pedetistas e dificultando a possibilidade de acordo com partidos políticos de maior musculatura financeira.
Desembarque
A desmobilização da candidatura de Ciro dentro do PDT ganhou ares públicos. O senador Weverton (PDT), do Maranhão, que é pré-candidato a governador, publicou nos últimos dias um vídeo nas redes sociais declarando apoio ao ex-presidente Lula (PT) na campanha presidencial.
"Estou com Lula e sempre estive. Pois compactuamos do mesmo sonho de um Brasil justo, digno e próspero", diz um dos trechos da legenda da publicação.
Cleyton Monte, professor universitário e pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) da Universidade Federal do Ceará, lembra que o episódio de desembarque no Maranhão também ocorre em outros estados do Sudeste.
Para o cientista político, o evento realizado ainda em janeiro, a oito meses das eleições, funciona mais como um recado interno, com objetivo de mobilizar as principais lideranças do partido em torno da candidatura.
Cleyton lembrou ainda que a disputa deste ano vai ser diferente de 2018, quando haviam menos candidatos competitivos. Atualmente, João Doria (PSDB), que governa o Estado de São Paulo, e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) podem chegar com força em outubro, de acordo com o professor.
Para o sociólogo Jonael Pontes, o lançamento do nome nesse momento é uma tentativa de se manter em evidência em várias frentes. O pesquisador ressalta que a sociedade é dividida em esferas e, dentro dessas núcleos, há uma série de ocorrências que dão sentido à vida social.
A "dimensão do afeto" para a candidatura do cearense nesse momento de instabilidade funcionaria para a manutenção dessa unidade. É um movimento discursivo.
Pontes aponta ainda que as rachaduras que acontecem na base e que impactam diretamente na organização do partido acabam dificultando a construção de alianças. "Se nessa altura do campeonato ele não conseguiu construir uma aliança forte, e ter diálogo com várias esferas sociais, vejo como fracassada essa tentativa", diz Jonael.
Apoio
No Ceará, lideranças seguem prestando apoio ao ex-ministro em mais uma empreitada presidencial. Na véspera da convenção, o deputado federal Leônidas Cristino publicou mensagem de apoio à pré-candidatura.
Já a irmã de Ciro, a pré-candidata a deputada estadual, Lia Gomes, também fez publicação anunciando o lançamento do nome do irmão à disputa presidencial.