A formação de chapas fortes para a disputa eleitoral para as câmaras municipais é exaltada por muitos candidatos à prefeitura como um trunfo também na campanha para o Executivo municipal. Contudo, para 65% dos cearenses, o apoio do candidato a vereador a determinada candidatura majoritária não faz diferença na hora de definir o voto para a prefeitura.
O dado é de pesquisa realizada pelo Instituto OPNUS e divulgada com exclusividade pelo Diário do Nordeste.
Os entrevistados foram questionados especificamente sobre a influência do apoio do “seu candidato a vereador”. Apenas 16% afirmaram que a indicação dele "aumenta muito" a chance de votar no candidato a prefeito sugerido.
Outros 13% consideram que a indicação aumenta a chance de votar no candidato a prefeito, mas não tanto. Já 6% das pessoas disseram não saber ou não responderam o questionamento.
O levantamento foi realizado entre os dias 1° e 6 de agosto por meio de entrevistas pessoais e domiciliares. Foram entrevistadas 1,7 mil pessoas com 16 anos de idade ou mais em todas as regiões do Ceará. A margem de erro da pesquisa é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos. Devido ao arredondamento das casas decimais, a soma dos percentuais nas perguntas de resposta única pode variar de 99% a 101%.
Campanha eleitoral ‘fria’
Diretor técnico do Instituto OPNUS, Pedro Barbosa pontua que, para a maioria das pessoas, a campanha eleitoral ainda está "distante". "E se a gente diz que a campanha está distante no geral, para vereador, ainda está mais distante", completa. A definição do voto para vereador costuma, portanto, ser "adiada pelas pessoas".
"Se a gente imagina que hoje a maioria das pessoas ainda não tem um candidato para vereador, é muito difícil ela dizer que um vereador que ela ainda nem conhece vai fazer diferença na intenção de voto dela para prefeito".
Essa falta de influência, acrescenta o diretor-executivo do Instituto OPNUS, Marciano Girão, é também um reflexo de como se organiza o sistema político brasileiro.
"O nosso modelo político é muito presidencialista, (focado no) governador, (no) prefeito. O parlamento fica muito (ausente). Deveria ser um poder mais presente, mais com força e com mais apelo assim de opinião pública, mas não é", considera. "O olhar da eleição se dá muito mais para o Executivo, para o cargo que está do Executivo, do que propriamente do cargo do Legislativo".
O que não significa que o apoio de candidatos a vereador não seja, de fato, importante para as candidaturas às prefeituras. "Quando chega o momento da campanha, ter ali o vereador, o candidato a vereador, que é quem tem mais proximidade, mais ligação com o eleitor, porque ele que está ali na ponta, ele fazer parte do time de campanha do prefeito, é um reforço, sem dúvidas, importante", argumenta Barbosa.
Agora, "imaginar que, por conta do vereador, vai haver um voto casado, seria esperar demais". "Não acontece assim essa transferência de forma tão fácil, tão direta. (...) Mas, com certeza, quando a campanha se intensificar, eles serão parte importante do exército dos candidatos", completa.
Segmentação do eleitorado
A segmentação do eleitorado — por localidade, sexo, faixa etária e escolaridade — pouco altera os índices da influência dos candidatos a vereador na escolha dos eleitores para a prefeitura.
No caso dos cearenses que residem no interior do Estado, há um pequeno aumento na importância dos candidatos à câmara municipal para essa escolha — 18% afirmaram que esse apoio aumenta a chance do voto e apenas 59% disseram que a indicação não faz diferença.
Por outro lado, na Região Metropolitana de Fortaleza, 73% dos entrevistados afirmaram que a escolha de candidato à prefeitura não tem influência destes apoios — oito pontos percentuais acima da média do Ceará.
Mulheres também são menos influenciadas que os homens — 66% delas disseram que o apoio do candidato a vereador não faz diferença contra 63% dos entrevistados do sexo masculino.
Entre as pessoas com idades entre 25 e 34 anos, 19% disseram que o apoio de candidatos a vereador aumenta muito a chance de votar em determinado candidato à Prefeitura. O menor índice dessa influência é de pessoas entre 45 e 59 anos — apenas 12% disse que esse apoio aumenta as chances de voto.