O primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República das Eleições 2022, na noite deste domingo (28), foi marcado por momentos de embate entre os adversários. Os candidatos focaram em temáticas como educação, saúde, cobertura vacinal e corrupção. Durante o evento, a discussão sobre direito das mulheres foi um tópico recorrente. Participaram do debate os candidatos Felipe D'Ávila (Novo), Soraya Thronicke (União), Simone Tebet (MDB), Jair Bolsonaro (PL), Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT). [render name="Leia Mais" contentId="1.3272178"] O primeiro bloco foi marcado pro clima ameno, sem maiores embates, salvo quando Bolsonaro perguntou a Lula sobre o escândalo de corrupção na Petrobras. O clima começou a ficar mais tenso quando a jornalista Vera Magalhães questionou Ciro e Bolsonaro sobre a possibilidade da desinformação sobre vacina. A jornalista afirmou que o atual governo contribuiu para a população passa a desacreditar na eficácia dos imunizantes. "Qual sua proposta para recuperar o plano nacional de imunização?", questionou. Em seu momento de resposta, Bolsonaro afirmou que ela era uma "vergonha para o jornalismo brasileiro". "Vera, não pude esperar outra coisa de você. Você dorme pensando em mim, você tem alguma paixão por mim. Não pode tomar partido em um debate como esse, fazer acusações mentirosas a meu respeito", disse. Enquanto ele falava, ouviu críticas de Ciro e Simone Tebet, que estavam com os microfones desligados no momento. [render name="Leia Mais" contentId="1.3272180"] Direito das mulheres Ainda na temática dos direitos femininos, a candidata Simone Tebet questionou porque Bolsonaro tem "tanta raiva das mulheres", citando que ele ameaçou jornalistas e cometeu atos de misoginia. Em seu retorno, o atual presidente apontou ter sido acusado sem prova nenhuma. "Vir com discurso de que eu ataco e agrido mulheres, não cola mais. Se uma mulher faz algo errado, tem que responder por isso e não ser defendida só porque é mulher. Chega de vitimismo. Somos todos iguais. Não fica aqui fazendo joguinho de 'mimimi'". Mais a frente no debate, durante discussão com Ciro, afirmou que o direito das mulheres é foco de seu governo. "Nós procuramos a atender primeiro a mulher. 75% do Auxílio Brasil vai para as mulheres. Demos prioridade às mulheres, não aos homes", disse. Investimento em educação Durante sua fala, Ciro Gomes focou na educação, relembrando que a gestão em que atuou como governador do Ceará foi destaque na área. “O descuido com a educação parece ser um projeto de governo”, disse. Ciro relatou que existem duas principais formas de modificar o atual cenário: modificar o padrão pedagógico de ensino e investir mais em educação. Dessa forma, será possível elencar entre os 10 melhores índices mundiais na área em até 15 anos. "É preciso ter um ensino emancipador". Já Lula, prometeu que se for eleito, levará a pauta educacional como prioridade. Ainda em janeiro, buscará "convocar uma reunião com governadores e prefeitos para fazer um pacto contra o atraso educacional, contra o atraso que a pandemia deixou e também contra os cortes de gastos”. Ao longo do debate, relembrou que seu governo foi responsável por ampliar o orçamento voltado para educação, criar novas intituições de ensino e investir no ensino superior. "Fiz isso porque eu acreditava que era necessário melhorar a educação. Mas, lamentavelmente a educação foi abandonada no nosso país". Corrupção No momento em que os candidatos perguntavam para os adversários, Bolsonaro questionou Lula sobre a corrupção. "Quer voltar ao poder para quê? Para fazer a mesma coisa na Petrobras?". Lula, por sua vez, iniciou sua resposta dizendo que era preciso ser Bolsonaro para lhe questionar. "Eu sabia que essa pergunta viria". Conforme relatou, seu governo possibilitou medidas que incentivassem a investigassem da corrupção, citando a lei anti-corrupção e contra lavagem de dinheiro, assim como a criação do portal da transparência. Na réplica, Bolsonaro disse que o governo de Lula foi marcado pelo roubo: "Essa roubalheira era pra conseguir apoio dentro do parlamento. Não era apenas para o ex-presidente Lula. Era para ele também conseguir apoio dentro do parlamento. Sim, o seu governo foi o governo mais corrupto da história do Brasil", afirmou o presidente. Mais a frente, no debate, Lula questionou Simone Tebet, que participou da CPI da Covid-19, se houve corrupção durante a atual gestão governamental. "Houve corrupção sim", relatou, citando que houve uma tentativa de pagar por vacinas sem comprovação científica. Investimento em saúde Soraya focou no debate de saúde e questionou Tebet sobre o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) e o que seria possível para reduzir as filas. A candidata do União apontou ser necessário diminuir as filas. "Nós iremos usar toda a capacidade da iniciativa privada para complementar o SUS e agilizar o atendimento das pessoas". Tebet, por sua vez, concordou com a importância do SUS e sugeriu destinar um fundo para os exames urgentes. Além disso, relembrou sua participação na CPI da Covid-19. "Estava na CPI e vi atraso de 45 dias na compra de vacina. Quantas mães perderam filhos e quantos filhos perderam pais? Não teve coordenação do Governo Federal". Também na temática da saúde, após ser questionado sobre a redução da cobertura vacinal brasileira, Ciro criticou Lula e Bolsonaro, relatando que os dois estão “dividindo a nossa nação”. Privatizações Ao longo do debate, Felipe D'Ávila afirmou ser necessário realizar uma melhor gestão dos gastos públicos e defendeu o papel do agronegócio na economia. "Precisamos votar em alguém que entende de gestão pública e sabe como cortar gastos públicos. O dinheiro público brasileiro vem sendo usado mal", afirmou. Ao citar o agronegócio, apontou que esse é um setor exemplo para o Brasil. "É um motor da economia brasileira. É o maior produtor de soja e algodão do mundo". Para ele, é importante garantir infraestrutura, como ferrovias. "É essencial para exportar mais". Por fim, ainda defendeu a privatização para resolver o problema da infraestrutura no país. [citacao tipo="aspas" autor="Felipe D'Ávila" descricao="Candidato à Presidência da República" ]"É o investimento privado e o mercado que resolverá. Tem que privatizar tudo do Brasil, tem que acabar com esse mal uso de dinheiro público. Nós precisamos escolher os melhores". [/citacao] Como o debate foi organizado? 1º bloco: Candidatos responderam perguntas dos organizadores do debate e, posteriormente, escolheram um adversário para fazer questionamentos; 2º bloco: O bloco contou com perguntas de seis jornalistas. Cada profissional pôde escolheu um candidato para responder e outro para comentar a resposta; 3º bloco: O último bloco teve mais uma rodada de perguntas e respostas entre os candidatos, e novas perguntas acerca dos planos de governo. Por fim, o debate teve as considerações finais de cada candidato.