Em post racista, Mario Frias diz que historiador negro precisa de banho

Secretário especial da Cultura direcionou termo racista a Jones Manoel. Twitter apagou a publicação

O secretário especial da Cultura do governo Bolsonaro, Mario Frias, postou, nesta quinta-feira (15), um comentário racista direcionado a um ativista negro. 

Uma chamada do site Brasil247 com foto do ativista e o título "Jones Manoel diz que já comprou fogos para eventual morte de Bolsonaro" foi reproduzida pelo assessor da Presidência, Tercio Arnaud Tomaz, que perguntou de quem se tratava.

"Quem c* é Jones Manoel?". Mario Frias então respondeu: "Realmente eu não sei. Mas se eu soubesse diria que ele precisa de um bom banho."

Após a repercussão do caso, o Twitter confirmou à Folha de São Paulo que o tuíte do secretário foi apagado por violar regras de conduta da rede social. O post foi entendido como conduta de propagação de ódio. "O Twitter tem regras que determinam os conteúdos e comportamentos permitidos na plataforma, e violações a essas regras estão sujeitas às medidas cabíveis", afirma a empresa, em nota.

Quem é Jones Manoel

Historiador pernambucano e estudioso da obra do intelectual italiano Domenico Losurdo, Jones Manoel é um homem negro, com cabelo estilo black power e barba.

O educador também é militante do partido PCB e reúne mais de 135 mil seguidores em seu Twitter e 165 mil no canal do YouTube. 

"Não é surpresa no governo Bolsonaro a presença de figuras abertamente racistas e que flertam - ou são abertamente também- com o fascismo ou nazismo. Jair Bolsonaro enquanto deputado tem um histórico de várias declarações racistas", afirma Manoel. 

"O governo Bolsonaro é um governo racista [...] e que acolhe sem nenhum problema essas figuras racistas. E o Mario Frias se sentiu à vontade para fazer isso."

Frias diz que se referia à militância

Com a repercussão negativa da fala, Frias tentou se justificar, associando sujeira com a militância comunista de Manoel e não com o cabelo black power - apesar de no post anterior ele ter dito não conhecer o ativista.

"Toda pessoa suja precisa tomar banho e não existe pessoa mais suja do que aquela que deseja e celebra a morte de um Chefe de Estado democraticamente eleito enquanto louva um genocida como Stalin", escreveu o secretário. "Não venham tentar ofuscar a gravidade dos ataques ao PR chamando de racista quem sempre repudiou o racismo", disse Mario Frias.