O governo brasileiro denunciou Israel em audiência na Corte Internacional de Justiça, em Haia, apontando o país como culpado pela invasão de territórios palestinos. Segundo a delegação do Itamaraty, as violações "não podem ser aceitas ou normalizadas pela comunidade internacional".
O Brasil se pronunciou durante as audiências realizadas pela Corte, também declarando os atos israelenses como "ilegais" e equivalentes a uma "anexação".
Durante a audiência, juízes internacionais foram chamados a se pronunciar sobre a situação palestina nos territórios ocupados. O momento só ocorreu após governos interessados expressarem as devidas defesas aos palestinos ou israelenses. Ao todo, 54 governos se inscreveram para pronunciamento.
O Brasil apontou como necessário que Haia se pronuncie para que "todos saibam" as implicações das consequências legais dos atos de Israel. Além disso, ainda avaliou como "indiscutível" a gravidade dos atos de Israel.
"A ocupação viola o direito do povo palestino por autodeterminação", pontuou o Itamaraty, também apontando os ataques israelenses como "desproporcionais e indiscriminatórios".
Relação com Israel
Desde o início da guerra entre o Hamas e Israel, a relação entre o governo Lula e o país vem sendo marcada por diversas rusgas, como quando o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, participou de uma reunião na Câmara dos Deputados em que o ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro também compareceu. A demora pela liberação da saída de brasileiros que estavam na Faixa de Gaza também azedou a relação entre Brasília e Tel-Aviv.
As relações entre Brasília e Tel-Aviv eram melhores no governo de Jair Bolsonaro, que chegou a viajar a Israel. Netanyahu também viajou ao Brasil para participar da posse do ex-presidente em 2019.
No governo Dilma Rousseff, Israel chegou a chamar o Brasil de "anão diplomático" depois que a ex-presidente chamou o então embaixador brasileiro em Tel-Aviv para consultas em 2014, em meio a uma guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. "Essa é uma demonstração lamentável de como o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático", apontou Tel-Aviv na época.
Agora, a Corte máxima da ONU foi acionada a se pronunciar sobre a situação palestina por um pedido da Assembleia Geral da ONU. Além da situação em Gaza, a ocupação de regiões da Cisjordânia e de Jerusalém Ocidental também estão em pauta.
Conforme análise de diplomatas brasileiros, os argumentos do Itamaraty já estavam prontos antes da eclosão da crise entre Lula e Netanyahu.
O presidente brasileiro comparou as ações de Israel com os atos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Em resposta, Israel declarou Lula "persona non grata", o que resultou em um pedido do Brasil para retirada do embaixador em Tel Aviv.