O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu, em transações por Pix, o total de R$ 17,2 milhões nos seis primeiros meses deste ano, segundo aponta relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre a conta bancária mantida por ele.
As movimentações atípicas, continua o documento do órgão, podem estar conectadas à vaquinha de apoiadores, realizada com o intuito de pagar multas do ex-presidente com a Justiça.
O valor citado foi revelado pela Folha de S. Paulo nesta quinta-feira (27). A publicação apontou que, entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho, o ex-presidente da República recebeu mais de 769 mil transações via Pix que totalizaram R$ 17.196.005,80.
O valor corresponde quase à totalidade do valor que circulou nas contas de Bolsonaro em 2023: R$ 18.498.532. Os registros bancários feitos pelo Coaf ainda indicam que parte desses recursos teria sido convertida em aplicações financeiras.
Em junho, apoiadores de Bolsonaro promoveram uma vaquinha via Pix pelas redes sociais para o ex-presidente. O objetivo era arrecadar dinheiro para o pagamento de multas judiciais, sob a justificativa de que ele era vítima de "assédio judicial" e que precisava de ajuda para quitar "diversas multas em processos absurdos". Aliados de Bolsonaro publicaram nas redes sociais comprovantes de depósitos que iam de R$ 10 a R$ 1 mil.
O ex-presidente tem evitado falar publicamente sobre o valor arrecadado na vaquinha. No dia 26 de junho, ele disse apenas que já havia levantado o suficiente para pagar suas condenações processuais. "A massa contribuiu com valores entre R$ 2 e R$ 22. Foi voluntário", disse Bolsonaro na ocasião, prometendo abrir os valores "mais para frente".
Filhos se pronunciam
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) reagiram nas redes sociais à divulgação do relatório do Coaf. Os filhos do ex-chefe do Executivo classificaram a publicação dos dados do documento como "assassinato de reputação" e afirmaram que o País está no rumo para "virar uma Venezuela".
"Um assassinato de reputação sem precedentes contra o melhor presidente que o Brasil já teve! Reviram tudo, não encontram nada e mais uma vez quebram a cara! Nunca houve qualquer vazamento, quebra de sigilo ou exposição, sem embasamento, de nenhum ex-presidente na história do País, mas contra Bolsonaro vale tudo!", afirmou Flávio no Twitter.
Ao falar sobre o caso, o vereador Carlos retomou a narrativa de aliados do Bolsonaro que defendem a ideia de que o Brasil pode ter uma gestão política próxima a da Venezuela com a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Na democracia comunista relativa vale tudo! Já vivemos na Venezuela!", disse.