Processo contra ex-vereador 'Aonde É' tramita na Justiça desde 2014 e está sem movimentação

Ex-vereador de Fortaleza responde a processo pelos crimes de concussão, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Se condenado pela Justiça, ele pode pegar de dois a oito anos de reclusão

Está parada há um ano a Ação Penal instaurada contra o ex-vereador de Fortaleza Antônio Farias de Sousa, conhecido como "Aonde É". Ele responde a processo na Justiça do Ceará pelos crimes de concussão, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, cometidos entre os anos de 2012 e 2014. Se condenado pela Justiça, "Aonde É" pode pegar de dois a oito anos de reclusão, além de pagamento de multa.

De acordo com o Tribunal de Justiça do Ceará, embora na fase conclusiva - falta apenas as alegações finais para o julgamento em primeira instância - o processo está suspenso até que a Corte julgue a arguição de suspeição do Juiz da 18ª Vara Criminal, Ireylande Prudente Saraiva, feita pela defesa do réu, comandada pelo advogado Leandro Vasques. "Desde setembro do ano passado não houve nenhuma movimentação no processo", afirma.

Enquanto espera o desenrolar dos fatos, o ex-vereador segue trabalhando no bairro Bom Jardim, onde ficou conhecido como entregador de pizza, como mostrou nesta quinta-feira (19) o PontoPoder, do Sistema Verdes Mares. "Quando saí da Câmara retomei à minha antiga vida. Trabalhei como servente de pedreiro, vendi água na rua e agora voltei a entregar pizza", revela. "Minha prioridade hoje é cuidar da família. Sigo confiando que tudo vai ser esclarecido e que a justiça vai ser feita". 

Trajetória
Eleito vereador em 2012 pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC), Antônio Farias de Sousa foi preso em flagrante no dia 26 de agosto de 2014 pelo crime de concussão, quando tentava receber o salário de um assessor. Ele é acusado pelo Ministério Público do Ceará por contratar 'assessores fantasmas' para o seu gabinete na Câmara Municipal e se apropriar da remuneração. Além disso, os assessores eram empregados como funcionários terceirizados da Câmara. O então vereador passou 41 dias preso. 

De acordo com o promotor de Justiça Ricardo Rocha, assessores admitidos passariam os números das contas, os respectivos cartões eletrônicos e talões de cheque assinados em branco para o vereador e o chefe de gabinete sacarem os salários. Aos assessores era repassada uma quantia muito inferior ao salário devido. A denúncia partiu de um dos assessores que acusou o parlamentar de forçá-lo a entregar a remuneração por meio de ameaças e intimidação. 

Em 15 de outubro do mesmo ano, o Ministério Público apresentou denúncia contra o então vereador, o seu chefe de gabinete e outros 12 assessores. Segundo as investigações, cerca de R$ 800 mil teriam sido desviados pelo grupo. 

Simultaneamente, o MP deu entrada em ação cível na Justiça estadual, com pedido de perda do cargo de vereador, dos direitos políticos, a devolução dos valores desviados e pagamento de multa. Em fevereiro de 2015, a Câmara Municipal o afastou, temporariamente, das atividades legislativas. 

Em abril daquele ano, o então vereador Deodato Ramalho (PT), relator do caso no Conselho de Ética, apresentou relatório sugerindo cassação do vereador por quebra de decoro parlamentar. O relatório deveria ser votado em plenário até o fim da primeira quinzena de maio. Para escapar da cassação, em 7 de maio de 2015 o vereador decidiu renunciar ao cargo.

Mesmo respondendo a processo na Justiça, Antônio Farias de Sousa tinha a esperança de obter um novo mandato de vereador. Em 2016, ele teve o registro de candidatura à Câmara Municipal de Fortaleza negado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE), com base na lei da ficha suja.