O futuro governo Bolsonaro já escalou cinco militares para o primeiro escalão, sinalizando o protagonismo das Forças Armadas nos rumos do cenário político a partir de 2019. Com a indicação, nesta segunda-feira (27), do general de divisão Carlos Alberto dos Santos Cruz para o cargo de ministro da Secretaria de Governo, chegam a cinco os militares em cargos de primeiro escalão na gestão de Jair Bolsonaro – ele próprio capitão reformado do Exército.
Mesmo vindo de fora do universo político, o futuro ministro da Secretaria de Governo disse, ontem, que assumirá o cargo sem preconceitos, recebendo parlamentares de qualquer legenda, independentemente da posição no espectro político. “Vou conversar com todo mundo. Todo mundo foi eleito, tem valor e é igual. Dar atenção é uma obrigação”, disse o general Carlos Alberto dos Santos Cruz.
A Vice-Presidência também será ocupada por um militar, o general da reserva Hamilton Mourão, que pretende assumir outras funções no Planalto. Desde o fim do regime militar (1964-1985), há mais de três décadas, não se via tamanho envolvimento dos militares na vida partidária do País.
Mourão já declarou que sua função no governo será monitorar as atividades ministeriais e as políticas públicas. Segundo ele, ideia é que fique sob o encargo da Vice-Presidência subchefias hoje controladas pela Casa Civil e pela Secretaria-Geral, como as relativas ao controle dos ministérios, de políticas públicas e do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).
Carlos Alberto dos Santos Cruz, futuro ministro da Secretaria de Governo, general de divisão do Exército, é atualmente conselheiro da ONU e já foi comandante das forças da organização no Haiti e no Congo. Ele era cotado para assumir a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, que será comandado pelo ex-juiz federal Sérgio Moro.
Já Augusto Heleno, que assumirá o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general do Exército, foi comandante da missão da Nações Unidas no Haiti (2004 e 2005) e diretor do Instituto Olímpico e do departamento de Comunicação e Educação Corporativa do COB (Comitê Olímpico do Brasil). Foi cotado para vice de Bolsonaro, mas não aceitou.
Fernando Azevedo e Silva, futuro ministro da Defesa, general do Exército, foi chefe do Estado-Maior do Exército, ele esteve à frente da Autoridade Pública Olímpica durante o governo de Dilma Rousseff. Neste ano, Azevedo e Silva deixou o Alto Comando do Exército para auxiliar a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), chefiada pelo ministro Dias Toffoli, por sugestão do comandante do Exército, general Villas Bôas.
Por sua vez, Marcos Pontes, futuro ministro de Ciência e Tecnologia, tenente-coronel da Força Aérea Brasileira (FAB), é Engenheiro formado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), e foi o primeiro astronauta brasileiro a ir para o espaço, em 2006.