Representantes do Nordeste e da Amazônia Legal se reuniram, nesta segunda-feira (7), com integrantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para discutir o uso da vacina Sputnik V no Brasil, após aprovação de importação.
Pelo Ceará, o secretário da Saúde, Dr. Cabeto, participou do encontro. O foco da reunião foi tratar das responsabilidades que estados precisam assumir em relação ao uso da vacina russa, inclusive no que diz respeito a seguir as restrições de quem pode receber o imunizante.
Em nota, a Anvisa destacou que "um dos requisitos é assinatura do Termo de Compromisso, que trata das condições estabelecidas pela Anvisa para a importação e o uso da vacina. Uma das principais necessidades é o delineamento do estudo de efetividade e do monitoramento, também conhecido com o estudo da vida real, que deve ser acordado entre Anvisa e os governos estaduais".
No Brasil, um exemplo desse estudo é o que foi realizado na cidade de Serrana, em São Paulo, pelo Butantan, e o que será feito em Botucatu, também em São Paulo, pela Fiocruz.
"Os objetivos desses estudos são avaliar o desempenho de vacinas no mundo real, abordar lacunas nas evidências de ensaios clínicos (incluindo eficácia em subgrupos, eficácia contra variantes de preocupação e duração da proteção)"
Na terça-feira (8), acontecerá a reunião com o Fundo Soberano Russo e com o ministério da Saúde da Rússia para poder garantir o cronograma de entrega das vacinas ao Brasil.
No sábado (5), os governadores do Norte e do Nordeste se reuniram para discutir como executarão a distribuição da vacina. Eles pretendem escolher uma cidade em cada estado para receber o imunizante russo.
Da população de cada estado deve receber a vacina
Segundo o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que preside o Consórcio Nordeste, a ideia é reproduzir justamente o experimento que foi realizado na cidade de Serrana, onde o Instituto Butantan avaliou a eficácia da CoronaVac aplicando o imunizante em toda a população adulta do local.
"A ideia que a gente discutiu hoje (sábado) é de, provavelmente, escolher cidades. Piauí, por esse 1%, duas doses, vai receber 64 mil doses. Vamos escolher uma cidade que tenha mais ou menos 32 mil pessoas para vacinar.
“Vamos aplicar a primeira e a segunda dose, como foi feito em Serrana, acompanhado pelo Butantan. E assim, cada um dos Estados. É mais ou menos essa a ideia", acrescentou o petista.
Compra das vacinas
Ao todo, os estados do Nordeste firmaram acordo para a compra de 39 milhões de doses do imunizante russo. Só o Ceará, por exemplo, adquiriu 5,8 milhões de unidades da vacina.
Contudo, a aprovação, na noite da última sexta-feira (4), da importação da vacina russa foi autorizada sob uma série de condicionantes. Entre elas, o uso reduzido de doses, atendendo apenas a 1% da população de cada estados.
Segundo a Anvisa, após o uso dessas vacinas, serão analisados os dados de monitoramento do uso do imunizante e, assim, avaliados os demais quantitativos a serem importados.
O que se sabe sobre a aplicação da Sputnik V
Quando foi autorizada a importação?
Na última sexta-feira (4), por três votos a um, os diretores da Anvisa concederam autorização “excepcional e controlada”.
Como será a aplicação?
Até agora, os governadores não definiram como será a distribuição, mas uma das propostas prevê concentrar toda a primeira remessa do imunizante russo em uma cidade de cada Estado, aplicando em toda a população daquele local.
Quantas vacinas serão enviadas ao Brasil?
Na decisão, a Anvisa autorizou a importação para atender apenas a 1% da população de cada estado. Pelas regras estipuladas, o Ceará poderá concluir a compra direta só de 183 mil doses e não dos esperados 5,8 milhões.
Quantas vacinas serão enviadas a cada estado?
Bahia - 300 mil doses
Pernambuco - 192 mil doses
Ceará - 183 mil doses
Maranhão - 141 mil doses
Piauí - 66 mil doses
Sergipe - 46 mil doses
Por que essa limitação?
O quantitativo foi estabelecido para permitir o controle, a observação e a análise dos lotes aplicados. Após esse primeiro momento, a Anvisa deve avaliar a autorização de novas remessas.
Quem não pode tomar a vacina russa?
Gestantes, lactantes, menores de 18 anos, mulheres em idade fértil que desejem engravidar nos próximos 12 meses, além de pessoas com enfermidades graves ou não controladas e antecedentes de anafilaxia.
Quais as outras restrições estabelecidas pela Anvisa?
Os lotes a serem enviados para o Brasil devem ser oriundos das plantas produtivas inspecionadas pela agência reguladora. Os estados também deverão disponibilizar às unidades de saúde as informações de rótulos e bulas em português.