O governador Camilo Santana (PT) tem feito rodadas de reuniões, no Palácio da Abolição, com deputados estaduais e prefeitos aliados. As audiências têm um tom administrativo, em que os gestores apresentam as demandas dos municípios. Por outro lado, representam um gesto de aproximação da base governista, que faz cobranças por mais atenção do Estado, de olho na eleição de 2022. As reuniões começaram em maio e ocorrem, individualmente, com cada deputado da base e os prefeitos de seus colégios eleitorais. As audiências foram organizadas por ordem de mandato na Assembleia Legislativa, ou seja, do parlamentar mais antigo ao mais novo. [render name="Leia também" contentId="1.3095698"] Agenda política Em razão dos cargos, os primeiros da Assembleia a serem recebidos foram: o presidente, deputado Evandro Leitão (PDT); o vice, deputado Fernando Santana (PT); o líder do Governo, deputado Júlio César Filho (Cidadania) e o primeiro-secretário, deputado Antônio Granja (PDT). [citacao tipo="texto" ]Até agora, 27 deputados estaduais e mais de 100 prefeitos foram atendidos. Dos 46 parlamentares, 38 são considerados da base aliada. [/citacao] As audiências foram articuladas por interlocutores do governador, numa estratégia de retomar a agenda política afetada pela pandemia da Covid-19 e também em meio a cobranças e insatisfações de aliados. [render name="Fernando Santana e Camilo" contentId="7.4529931"] Cobranças da base Governistas concordam que o foco do Governo do Estado é o combate ao novo coronavírus, mas, reservadamente, reclamam da dificuldade em atender outras demandas nos municípios que não sejam sobre saúde. Alguns parlamentares se queixam, nos bastidores, da demora na liberação das emendas - recursos indicados no Orçamento estadual - do Programa de Cooperação Federativa (PCF), que destina verbas aos municípios onde os deputados são votados para obras e projetos. O líder do Governo na Assembleia, deputado Júlio César Filho, nega insatisfações generalizadas na base governista, apenas "momentâneas", e defende que as reuniões servem para aproximar o governador dos prefeitos eleitos e reeleitos em 2020. [citacao tipo="aspas" autor="Júlio César Filho (Cidadania)'" descricao="Líder do Governo na Assembleia Legislativa" ]O objetivo principal (das reuniões) é o apoio do Estado aos municípios para discutir as dificuldades dos prefeitos em relação ao enfrentamento da pandemia, os investimentos que vão priorizar. É no sentido de aproximar o governador, que está quase no final do mandato, dos prefeitos.[/citacao] Deputados têm saído satisfeitos das audiências. Eles veem que o gesto reaproximou o Governo da base, que estava distante por causa da pandemia. [render name="Antonio Granja" contentId="7.4529932"] Audiências O deputado Jeová Mota (PDT), por exemplo, levou seis prefeitos para a reunião. "Foi muito bom. Eu entro com o prefeito, ele explana os projetos prioritários. Ele (governador) escuta, anota as demandas dos municípios para, posteriormente, ver quais serão atendidas. Os prefeitos eleitos agora têm a oportunidade de conversar com o governador", ressalta Mota. Já o deputado Osmar Baquit (PDT) foi para a audiência acompanhado de sete gestores municipais. "Cada um levou suas reivindicações, e o governador ficou de avaliar a questão financeira. Todo ano o governador recebe os prefeitos, normalmente com os deputados, e cada um quer atender os seus municípios", disse Baquit. Para Leonardo Pinheiro (Progressistas), que levou quatro prefeitos, a reunião foi produtiva. "Levei os prefeitos de Morada Nova, Potiretama, Deputado Irapuã Pinheiro e Milhã. Está sendo bem positivo. A gente já estava tentando resolver algumas coisas". Os parlamentares negam ter tratado de política, mas admitem que os encontros tem peso nessa questão, afinal os prefeitos são cabos eleitorais importantes e a oportunidade de levar os gestores para uma reunião com o governador dá aos parlamentares certo status, pensando na eleição de 2022. Demandas administrativas O secretário de Relações Instituições do Estado, Nelson Martins, que faz a ponte do Governo com os parlamentares, acompanha as audiências e ressalta o tom administrativo. "Os prefeitos apresentam demandas que, geralmente, são estradas, infraestrutura urbana, passagem molhadas, custeio de saúde. Algumas demandas já tinham sido anunciadas pelo governador. Por exemplo, cada município vai recer uma brinquedopraça, uma academia ao ar livre e uma areninha". Sobre o atraso na liberação de PCFs, Nelson Martins atribui os casos às prefeituras. "O problema do PCF não ser liberado não é por causa do Estado, às vezes acontece de haver problemas de inadimplência e não pode liberar recurso se não houve total adimplência", explica o secretário.