O governador Camilo Santana (PT) já decidiu quando iniciar o trabalho com integrantes do seu partido, em Fortaleza, e posteriormente com todos os aliados, nos maiores colégios eleitorais do Estado, sobre a sucessão municipal de 2016. Ele disse, recentemente, para um pequeno grupo, que Roberto Cláudio (PDT) é o seu candidato na Capital, o óbvio para observadores do desenrolar dos acontecimentos políticos locais, mas, foi adiante e incisivo ao acrescentar que quem no PT não segui-lo, ao lado do prefeito, está "do outro lado", isto é, em oposição a ele.
Talvez por estar atento a movimentos, embora não tão expressivos, mas inquietantes, patrocinados por uns petistas em defesa de candidatura própria à Prefeitura de Fortaleza, o governador tenha decidido a pôr em prática o seu plano, objetivando frear tais mobilizações tendentes a contaminar outras partes do partido, com chances de tornar mais difícil o seu desiderato de levar o PT para a aliança que o elegeu e consequentemente garantir à coligação em formação pelo gestor municipal, possibilitando a tranquilidade de mais tempo para a propaganda eleitoral, e um adversário a menos na refrega de outubro.
Avança
Ele não se impõe como o condutor do processo sucessório no PT, mas como detentor do cargo político mais importante no Estado para ele se voltam todas as atenções e cobranças de responsabilidade da conclusão dos entendimentos. Consciente dessa realidade e da importância de manter viva a aliança que o conduziu ao Governo, uma garantia da estabilidade necessária ao curso da gestão, e o compromisso moral de retribuir o esforço despendido para fazê-lo governador, ele avança.
Camilo apresenta, como principal argumento para levar o apoio dos petistas da Capital ao nome do atual prefeito, o fato de ser inadmissível o partido querer ter aliados para ajudar a eleger a presidente da República, Dilma Rousseff, o governador do Estado, no caso ele, e se negar ajudar a reeleger o prefeito, cuja administração reputa estar em elevado nível, como propala, nos diversos eventos públicos de que participa ao lado de Roberto Cláudio.
Antes da abordagem direta aos companheiros do partido em Fortaleza, certamente o governador, por delicadeza, dará ciência da razão do seu projeto à direção nacional do partido. Os petistas, ocupantes de cargos na estrutura do Estado, por óbvio, serão os primeiros a serem cientificados, pelo próprio Camilo, do seu interesse em contribuir para a reeleição do chefe do Executivo municipal, ciente de ser essa manifestação deveras suficiente para eles entenderem que, com o comunicado recebido, está o pedido de adesão ao candidato.
Embora não seja fácil demover alguns petistas da ideia revanchista e se aliarem a Roberto Cláudio, não parece que o governador venha a ter dificuldade, no programado a fazer, com a maioria dos companheiros albergados no Governo. Porém, com alguns, dentre eles o vereador Guilherme Sampaio, secretário de Cultura estadual, pelo seu envolvimento nos encontros com a deputada federal Luizianne Lins, nos bairros de Fortaleza, defendendo candidatura própria à Prefeitura, assim como com o deputado Elmano de Freitas, derrotado por Roberto Cláudio, no pleito passado, hoje na mesma trilha de Sampaio, o diálogo tende a ser mais incisivo.
Mas, difícil mesmo vai ser o seu encontro com a deputada Luizianne Lins, a principal liderança do PT municipal. De pronto, sabe o governador que com ela não haverá diálogo.
A ex-prefeita, em qualquer circunstância, ficará contra a postulação do prefeito, e não aceita perder o controle dos entendimentos sobre a participação do partido no próximo pleito, como o fez no último. Luizianne é, sem dúvida, a força petista mais expressiva a combater a aliança defendida por Camilo. Os demais, realmente, embora não concordando com a aliança, pouco ou nada farão contra o posicionamento do chefe do Executivo.
O governador considera que os obstáculos criados por filiados ao PT à reeleição do atual prefeito os atingirão diretamente, tão forte é o seu envolvimento com a questão, tanto no espaço político quanto no da administração, notadamente em ano eleitoral.
A partir do início do próximo ano, uma parceria mais aguda ensejará a realização de vários convênios, entre os dois governos, estadual e municipal, oxigenando o Caixa da Prefeitura, para permitir a viabilização de obras de menor porte, em Fortaleza, melhorando a visibilidade da administração, sobretudo nos bairros mais distantes do Centro da cidade.
Demora
Camilo Santana diz ter passado 38 minutos no gabinete do senador José Pimentel, esperando para falar sobre assunto de interesse do Ceará e não conseguiu. Tasso o atendeu prontamente e se comprometeu a ajudar o Estado em tudo que for preciso.