Com baixa adesão à recomendação dada no início do mês, o governador Camilo Santana (PT) decretou lockdown por uma semana em todos os municípios do Estado. Prefeitos de oposição, que tentaram até então barrar o avanço do coronavírus com medidas menos restritivas, acabam, agora, reconhecendo o isolamento social rígido como necessário no atual momento da pandemia de Covid-19.
A decisão do governador de decretar lockdown em todos os municípios do Estado a partir desde sábado (13) não gerou contestações públicas de prefeitos cearenses, inclusive de opositores da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) que demonstraram resistência à medida, quando ela era apenas uma recomendação do Governo no decreto que estabeleceu o fechamento das atividades em Fortaleza desde o último dia 5.
Caucaia, Maracanaú e São Gonçalo do Amarante, alguns dos maiores municípios comandados por opositores, não haviam decretado lockdown, mas agora estão sujeitos ao novo decreto, que vale até o dia 21.
Em São Gonçalo do Amarante, o prefeito Professor Marcelão (Pros) admitiu a necessidade da medida. “Nosso município seguirá o novo decreto do Governo do Estado, que estabelece isolamento social rígido em todo o território cearense. Tentamos equilibrar o problema com os grupos que sofrem com a pandemia, mas o atual momento, com o aumento do número de casos de Covid-19, exige medidas mais duras”, afirmou.
Reconhecendo o impacto econômico do decreto, o prefeito prometeu auxílio aos comerciantes. “Enviaremos para a Câmara Municipal um pacote de medidas compensatórias para o setor com caráter urgente urgentíssimo”. Marcelão gravou vídeo em que pediu a compreensão da população. Assista:
Medida antecipada em Caucaia
Já em Caucaia, antes mesmo do anúncio do lockdown estadual, o prefeito Vitor Valim (Pros) já havia decidido ceder à recomendação do Governo, anunciando, pelas redes sociais, isolamento rígido para o município a partir desta sexta-feira (12). O gestor reconheceu que o último decreto, que ampliava medidas de restrição como o toque de recolher, mas não determinava fechamento de atividades, não foi suficiente.
“A Prefeitura de Caucaia estabeleceu, no último dia 4 de março, um decreto com o objetivo de unir ciência e economia. Tentamos de todas as maneiras evitar um fechamento mais restrito, porém, por conta de uma série de motivos, entre eles a falta de colaboração de muitas pessoas, o aumento de pacientes em nossos equipamentos de saúde, a carência de leitos no município, mesmo com o recente aumento em nossa capacidade de atendimento em UTI, realidade essa observada em todo o estado, decidimos que estava na hora de tomar uma atitude mais intensa. Nesse momento, o mais importante é preservar vidas”, afirmou o prefeito.
Em Maracanaú, embora os leitos de UTI para Covid-19 já estejam 100% ocupados, o prefeito Roberto Pessoa (PSDB) também não havia aderido ao lockdown até a decisão do governador pelo isolamento rígido estadual.
“A Prefeitura de Maracanaú irá seguir as determinações do decreto estadual do Governo do Ceará, pois se aplica a todos os municípios cearenses”, disse a Prefeitura por meio da assessoria de comunicação.
Para o presidente da Associação de Municípios do Estado do Ceará (Aprece), o prefeito de Chorozinho, Júnior Castro (PDT), o momento deve ser de união.
“Ao longo das últimas semanas, temos acompanhado um aumento considerável nos casos de coronavírus no nosso Estado, o que fez com que o nosso governador Camilo Santana instituísse medidas de isolamento social rígido em todos os municípios do Ceará", disse.
"Teremos a missão de fazer com que essas medidas sejam efetivamente cumpridas nos municípios e gostaríamos de contar com a participação de toda a população e das equipes de Segurança Pública, pois só assim teremos a diminuição da circulação desse vírus em nosso estado”, completou.
Bebidas alcoólicas em Juazeiro
Juazeiro do Norte é outro município que vinha se posicionando contrário ao lockdown. Na última terça-feira (9), o prefeito Glêdson Bezerra (Podemos) encabeçou o movimento de gestores do Cariri que decidiram pela não adesão da região ao isolamento social rígido.
Agora, além de ter que cumprir o decreto estadual a partir de amanhã, o município também revogou decreto que proibia venda de bebidas alcoólicas, medida que havia sido tomada como alternativa ao lockdown na tentativa de barrar o avanço do coronavírus. Segundo o prefeito, o decreto “perdeu a razão de existir”.
“A nossa finalidade era tentar achatar a curva de contágio, bem como evitar as festas clandestinas, as aglomerações de pessoas, e também evitar acidentes de trânsito nesse período gravíssimo, evitando assim a lotação por consequência a lotação nas unidades clínicas e unidades de UTI. Contudo, quando o Governo do Estado decreta o lockdown, fica restrito o trânsito de pessoas nas ruas", justificou.
"As pessoas só vão poder se descolar em caráter excepcional. Consequentemente, não há que falar em venda de bebida, porque ninguém vai poder andar nas ruas, salvo em situação de extrema necessidade”, disse Glêdson.