Um novo desafio

Dentro de um ano e meio, segundo promete o Governo do Estado, responsável pelo empreendimento, deverá estar circulando pelas ruas de Fortaleza — especificamente entre a Avenida Beira Mar e o Centro da cidade, seu principal corredor turístico — um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) semelhante aos mais modernos e bonitos do mundo, como o do Rio de Janeiro. Ele será elétrico, e esta é a melhor parte da notícia que promete, para os próximos dias, o início do processo de licitação de suas obras, que consumirão R$ 214 milhões.

A decisão de instalar aqui um VLT movido a energia elétrica está em linha com o que já se observa nas mais desenvolvidas capitais, como a alemã Berlim, que decidiu retirar de circulação, a partir de 2025, os ônibus movidos a energia fóssil, substituindo-os por elétricos. Em muitas das cidades da China, essa substituição vem sendo feita em alta velocidade. É uma das melhores e mais rápidas alternativas para reduzir ou estancar o aquecimento global.

A ciência já provou que é a ação antrópica, ou seja, causada pelo homem, a origem desse crescente aquecimento. As geleiras do Ártico, no Norte, e da Antártida, no Sul, estão derretendo e fazendo subir o nível dos oceanos, e isto é visível na geografia do Ceará, ao longo de litoral cujas vilas de casas já foram totalmente destruídas pelo fluxo e refluxo das ondas marinhas.

É tão grave a saúde do planeta — “a nossa casa comum, a casa de Deus”, como disse o Papa Francisco em abril do ano passado — que suas lideranças políticas renovaram seu compromisso com o Acordo de Paris, um conjunto de providências que cada governo tem de adotar para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, tudo para que a temperatura terrena suba menos de dois graus centígrados. 

Preocupados com essa situação, não só os governos, mas também as empresas privadas investem em projetos que cambiam os combustíveis fósseis, como o óleo diesel, a gasolina e até o querosene de aviação, por fontes energéticas renováveis. No Brasil — principalmente no Nordeste — avolumam-se os investimentos na geração de energia eólica e solar.

Já se pode revelar que, em 2030, aqui na região nordestina, a geração elétrica dessas fontes de eletricidade ambientalmente limpas causará um impacto positivo: as águas das barragens das hidrelétricas da Chesf, em vez de gerarem energia elétrica, garantirão o abastecimento humano e animal e, principalmente, a irrigação dos campos de produção de alimentos.

A tecnologia voltada para a irrigação tem tido um avanço extraordinário, permitindo que se produza mais grãos, frutas e hortaliças em menor área física e com menor consumo de água. Este esforço tem o exclusivo objetivo de preservar a natureza. Assim, diante do que se observa em relação ao meio ambiente aqui e no resto do mundo, é alvissareira a notícia do projeto do novo VLT de Fortaleza. 

As empresas privadas que fazem o transporte coletivo na capital devem aderir a esse esforço do poder público, e a primeira medida será planejar-se para o futuro próximo, o da tecnologia do ônibus elétrico. Não há dúvida de que, pelo alto investimento, o plano terá de obedecer a uma escala paulatina, mas com a participação conjunta de todas as empresas do setor. É mais um desafio para os que cuidam da mobilidade urbana. E uma exigência da modernidade.


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