Há pouco tempo, a Petrobras — maior estatal brasileira — ocupava mais espaço nas páginas policiais do que nas de economia. Uma triste consequência da corrupção que atingiu a empresa em diversos momentos de sua história. No entanto, apenas recentemente os casos se tornaram conhecidos da população brasileira. O escândalo dos últimos anos foi denunciado pelo então deputado federal Roberto Jeferson, do PTB, em que revelava esquema de corrupção com desvio de recursos públicos para o bolso de políticos e executivos. Algo perto de R$ 100 bilhões.
Por causa disso, a Petrobras desceu de sua posição de liderança e chegou ao quarto lugar na relação das companhias mais valiosas do País. A Operação Lava Jato desvendou e tornou público o esquema criminoso recente que funcionava na cúpula da companhia, e a Justiça puniu vários dos envolvidos, poucos dos quais estão presos, entre estes o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
O movimento de combate à corrupção recuperou parte do dinheiro desviado, inclusive a que estava em contas secretas bancos estrangeiros. Após essa avalanche de acontecimentos, ao que parece, porém, a situação da Petrobras melhorou nesse aspecto e pode apontar um futuro diferente — pelo menos essa é a expectativa.
Orgulho dos brasileiros, a estatal voltou a ser a empresa de maior valor de mercado. No ano passado, bateu recordes de produção de óleo e de gás natural, que, na linguagem técnica, alcançaram, respectivamente, 2,28 milhões de barris por dia (bpd) de óleo e 2,84 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed). Os recordes anteriores ocorreram em 2015 e foram de 2,23 milhões de bpd de óleo e 2,79 milhões de boed. A produção no pré-sal totalizou 1,86 milhão de boed em 2020, representando 66% da produção total da Petrobras. Em 2015, essa produção no pré-sal correspondia apenas a 24% da produção total da Petrobras.
Entre as causas dessa performance, está o menor número de intervenções para combate à corrosão por CO2 nos dutos submarinos de injeção de gás, em função do desenvolvimento de novas ferramentas e tecnologias de inspeção. Esses recordes expõem o bom desempenho operacional da empresa registrou-se em um cenário desafiador causado pela pandemia, com maior foco em ativos de classe mundial em águas profundas e ultraprofundas, áreas em que a Petrobras e sua expertise têm um diferencial competitivo que causa inveja e admiração no chamado mundo do óleo e gás.
A Petrobras, ao mesmo tempo em que cuida, com êxito, de otimizar sua produção, dá sequência ao seu programa de desinvestimento, desfazendo-se de negócios pouco rentáveis e focando no seu objetivo principal — a exploração e a extração de óleo e gás, no que — vale ser dito — tem reduzido custos pelo uso de novas e próprias tecnologias, as quais resultam no aumento de sua produtividade. A direção da companhia trata, também, de acelerar seu plano de venda de várias de suas refinarias para estimular a concorrência e baratear o preço dos combustíveis.
A Petrobras sabe que é incerto o futuro próximo do combustível fóssil pelo rápido avanço das energias renováveis e dos carros elétricos. Por isto, seu centro de inteligência já cuida do porvir.