Editorial: Vacinas e economia

A pandemia do novo coronavírus trouxe desafios consideravelmente grandes ao País, tanto no âmbito da saúde quanto no cenário econômico. Contudo, apesar de ser um momento de muitas incertezas, 2020 deixou um legado muito claro para as perspectivas de mercado para o ano que se inicia. 

E mesmo apresentando problemas semelhantes ao antecessor, 2021 poderá representar a consolidação da recuperação da economia brasileira quando as vacinas de imunização da Covid-19 forem, finalmente, liberadas e estiverem acessíveis à população.

O começo da pandemia, já nos primeiros meses do ano passado, levantou uma questão insidiosa aos governantes em diferentes níveis da gestão pública. Por se tratar de uma crise sem precedentes, coube-lhes, no período mais crítico, decidir entre o zelo sanitário, ou seja, a preservação de vidas, e a manutenção da atividade produtiva. 

O tempo e os próprios estudos científicos e econômicos vieram a mostrar que é possível aliar, com a adoção rigorosa de alguns cuidados, estes dois grandes eixos harmonicamente.

Portanto, para que as perspectivas econômicas para 2021 – que deve ser um ano ainda desafiador, mas de recuperação da crise pandêmica – se concretizem, a execução do plano de vacinação contra a Covid-19 será essencial.

Frise-se que tanto a pandemia como os desafios econômicos seguem como questões urgentes no Brasil após a virada de ano, mas as perspectivas com as novas vacinas são extremamente positivas, considerando que vários setores da economia já apresentaram bons resultados no fim de 2020. 

Com os imunizantes, deve vir uma liberação mais ampla das atividades econômicas, mais próxima da antiga normalidade, fazendo com que o fluxo de mercado, de fato, se recupere sem mais interrupções. Essa nova movimentação, quando se concretizar, poderá beneficiar empresas e ajudar a economia a girar. 

O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, citou recentemente a importância das vacinas para o pleno retorno do trabalho e da produtividade. O entendimento é compartilhado por representantes do setor produtivo Brasil afora, inclusive no Ceará.

Para tal, é mister que o País adquira os imunizantes com celeridade, amparado em critérios estreitamente técnicos, e execute um plano de vacinação robusto para reduzir ao máximo o impacto – já enorme – da doença infecciosa na população brasileira. 

Já são quase 200 mil vidas perdidas, milhares de outras afetadas pela pandemia – que não prejudica apenas os que ficam doentes.

Em relação a outras nações, inclusive algumas da América Latina, o Brasil está, lamentavelmente, atrasado nesta jornada. É preciso, mais do que nunca, que haja uma coordenação efetiva entre os entes federativos para que haja efetividade na estratégia de vacinação, algo que faltou em muitos outros momentos críticos da crise sanitária.

Diante disso, o ano de 2021 não deverá ser fácil, já que carrega ainda muitas heranças nocivas de 2020. Mas o cenário que se apresenta também resguarda esperança, sentimento que depende da chegada da imunização aos brasileiros – e claro, aos cearenses – para se transformar em alívio.