Editorial: Dia de decisão

Se comparado ao restante do Estado, o domingo será um dia atípico nas duas cidades mais populosas do Ceará. O último dia 15 projetou algumas certezas para 182 municípios, que já escolheram seus prefeitos para a gestão a se iniciar em 1º de janeiro de 2021. Caucaia e Fortaleza, no entanto, mais uma vez, terão um dia movimentado, por conta do necessário segundo turno das eleições municipais de 2020. Na votação de hoje, será necessário, mais uma vez, que se adote cuidado especial, respeitando as normas sanitárias que o momento exige de todos. Ser responsável diante do desafio da pandemia é, também, um dever do cidadão.

Nos dois municípios, o pleito do dia 15 ofereceu nas urnas um bom número de opções de projetos políticos. A preferência explicitada pelos candidatos, contudo, não foi então suficiente para determinar a vitória de um deles já no primeiro embate. Diante de duas opções, hoje, o eleitor escolherá o prefeito que terá a missão de gerir sua cidade, enfrentar problemas e buscar explorar os potenciais de seus municípios.

O cidadão não deve ser pouco exigente. É preciso ir além da gestão de crises e desafios, rotineiras no dia a dia da administração de uma grande cidade - e Caucaia e Fortaleza figuram nessa categoria, no que ela representa de positivo e negativo. Ambos os municípios têm potencial de crescimento e de desenvolvimento, e essa vocação deve guiar o trabalho de seus gestores.

Hoje, volta-se a ouvir o clichê "festa da democracia", para se referir ao dia do voto. Apesar da repetição, a alcunha não é esvaziada de verdade. A política é o terreno das decisões, onde se talha a própria vida em sociedade. Não é, portanto, algo para que se possa virar as costas. Negar-se a participar do processo eleitoral é abrir mão de um poder que o sistema político garante ao povo.

O sentido da democracia é o exercício da soberania popular. Esse se concretiza pelo sufrágio universal, no voto direto e secreto, pelo qual o cidadão contribui para a escolha de quem ocupará os cargos nos poderes Executivo e Legislativo. O que o eleitor tem em suas mãos, portanto, é instrumento de transformação. Ao votar, ele renova seu compromisso com o sistema político do País, uma democracia moderna que lega a seus cidadãos o direito e a responsabilidade de eleger seus representantes.

Ainda que a categoria dos políticos sofram constantes ataques, intensificados nos últimos anos, por vezes desacreditados, o fato é que sua importância é capital. Tais generalizações terminam por naturalizar os maus políticos, que não devem ser tolerados. Os candidatos, como todas as pessoas, são indivíduos com falhas e qualidades, não podendo ser admitidos, entretanto, desvios em suas condutas, de forma que o benefício da população - sua missão -, seja preterido por favorecimento próprio.

No pleno exercício da democracia, o cidadão - na condição de eleitor - tem um forte determinante na definição dos rumos de sua comunidade. Por isso, seu voto precisa ser fruto de uma decisão madura, racionalmente embasada e socialmente responsável. É pensando não apenas no próprio bem, mas do próximo, da maioria, que ele conseguirá contribuir para que cheguem aos postos de comando as pessoas certas para tão desafiadora missão.