Desde o dia 17 de janeiro, quando os primeiros brasileiros começaram a ser vacinados contra a Covid-19 no País, o sentimento de esperança tem permeado inúmeras realidades. Também pudera: diante de um panorama extremamente desafiador, a possibilidade de imunização desperta o vigor para que dias melhores possam ser o novo expediente cotidiano. Todavia, é de fundamental importância não retroceder nos cuidados a fim de exterminar, de vez, o cenário pandêmico.
As notícias são claras: o recente surto de casos do novo coronavírus tem voltado a preocupar as autoridades públicas do Ceará e de todo o Brasil, uma vez que, com a alta demanda de pessoas contaminadas, as vagas nos hospitais se tornam insuficientes, pondo em xeque a manutenção da ordem no serviço de saúde.
Em Fortaleza, merece destaque a ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Infantil para a Covid-19 na rede pública. A capacidade chegou a 100% no último dia 25, conforme registro na plataforma IntegraSUS, mantida pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
Especialistas situam a possibilidade da circulação de uma variante do novo coronavírus com maior potencial de transmissão, ampliando as chances do aumento de casos graves entre crianças. Há também outra hipótese: os pequenos podem estar desenvolvendo uma síndrome clínica pós-infecciosa, denominada Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica.
Ela ocorre depois de quatro a seis semanas da infecção da criança por Covid, ocasionando o desenvolvimento de uma inflamação descontrolada. O quadro leva a alterações cardíacas, a exemplo de choque cardiogênico e arritmia.
Fato é que, nos primórdios da pandemia, pesquisadores atestaram que os pequenos não tinham tendência a apresentar sintomas graves relacionados ao vírus. Em síntese, não pertenciam ao grupo de risco da doença. Muitas vezes, quando infectadas, as crianças permaneciam assintomáticas ou manifestavam sintomas leves da doença, como febre, tosse, fadiga e congestão nasal.
Apesar dessa menor suscetibilidade ao contágio, o novo alerta demanda redobrada atenção por parte de pais e responsáveis, cuja atuação deve ser pautada pela prevenção. É preciso estar atento a sintomas específicos que podem indicar a evolução para casos graves entre os de menor idade. Dor abdominal persistente ou algum grau de desconforto respiratório, febre elevada e persistente por mais de três dias e vômito frequente são os principais indícios.
Reforçar as orientações básicas igualmente é de suprema relevância. Permanecer em casa, evitando expor a si e a criança a aglomerações, e cuidar para que os equipamentos de proteção individual estejam sendo corretamente utilizados por toda a família ainda são os principais meios de frear a transmissão. Caso a escola em que os pequenos estudam já tenha retornado às atividades presenciais, o ideal é se certificar de que todos os protocolos sanitários estão sendo mantidos no ambiente.
A animosidade com a vacina não deve eclipsar a cautela e a consciência. Mais do que nunca, o momento é de responsabilidade e ponderação para que todo o corpo social, incluindo as crianças, possa vivenciar, de fato, melhores perspectivas à frente.