O dia eu não lembro (vocês estão querendo demais) mas o ano era 1973, quando Roberto Carlos se apresentou no Romeirão em Juazeiro do Norte.
Eu já era grande e besta e, munido de um gravador, fiz carreira em direção ao hotel Aristocrata na rua São Francisco, para entrevistar, como um súdito, o rei Roberto Carlos.
Com o jeito meio rude de ser, perguntei na portaria qual o apartamento que hospedava sua majestade.
Subi batentes e dei de cara com um assessor pentelho que procurou botar “gosto ruim” na entrevista que fui realizar.
Ao ouvir minha conversa com este “mala”, “Ruberto”, (como pronunciava Praxedes Ferreira) pediu meia “horita” para arrumar as calças e o cabelo e me conceder a prosa.
João Hilário, disc jockey da Rádio Progresso e Libério, componente do conjunto “Águias” de Barbalha, me acompanharam para sair na foto que o próprio rei pediu ao final da entrevista.
A entrevista exclusiva, a mais bem feita que fiz, focalizou, principalmente, a música brasileira e o seu contexto no mundo.
Nada de assunto açucarado para fazer chorar a audiência.
A cordialidade e a simplicidade de um rei sem frescuras aumentaram ainda mais a minha admiração pelo homem-canoro que marcou nossas vidas.
Lembro de duas senhoras, com vários calendários do Coração de Jesus gastos em suas existências, conversando na rua Boa Vista. Tentavam explicar o fenômeno Roberto Carlos depois de o assistirem na TV.
Uma disse: “É uma coisa que já vem do “beuço”.
A outra emendou: “Que nada, vem é do “pranêta” da pessoa”.
O rei chega aos 80 anos.
Viva o rei!