Ideias dissonantes

Confira a coluna desta terça-feira (7) do comentarista Wilton Bezerra

Quando Armando Nogueira falava maravilhas da seleção da Hungria, de 1954, Nelson Rodrigues, seu amigo, ironizava.

Dizem que essa seleção do notável jogador Puskas foi a avó do Carrossel Holandês. Era um tempo de futebol pelo rádio.

Para Nelson, só existia o futebol brasileiro, a nossa seleção, a "pátria de chuteiras". E achava que Armando exagerava quanto à Hungria.

Soube que, em determinado momento, o grande jornalista se aborreceu com isso.

Há bastante tempo, esse locutor que vos fala ouvia e lia sobre o treinador Fernando Diniz e suas ideias dissonantes do que se praticava no futebol brasileiro.

Diziam: "Ora, são experiências táticas diferentes, só possíveis em times pequenos". De fato, dirigente de time grande não quer saber de inovações, só deseja imediato resultado.

E Fernando Diniz foi perdendo, mais do que ganhando, abraçado às suas convicções.

O “dinizismo” foi criado em torno do seu nome, com grande carga de ironia. Como se fosse uma forma experimental de jogar, inventada por um "Professor Pardal".

Chegou à seleção brasileira que, nos jogos sob a sua direção, não tem nenhuma marca do seu trabalho, por falta de tempo.

Agora, misturando jogadores velhos, novos e muitos de categoria mediana, mas devotados aos seus métodos, Fernando Diniz acaba de ganhar o título da Libertadores.

Assim, da mesma forma que "a seleção húngara de Armando Nogueira", segundo Nelson Rodrigues, o Fluminense de Fernando Diniz é uma realidade palpável.

Já estão implorando até pela publicação rápida de um livro sobre Diniz e suas ideias inovadoras.

Que coisa!