Essa a gente já sabia.
Houve um tempo em que a nossa forma de jogar futebol encantava o Mundo.
As formações canônicas de Santos, Botafogo, Palmeiras e Flamengo e Seleção Brasileira, por exemplo, eram declamadas como sonetos.
A memória corporal do nosso jogador traduzia, em repertório de dribles, chutes e passes, o jeito lúdico de ser do brasileiro.
Os nossos craques, proclamava-se, usavam os pés como os pintores usavam os pincéis para fazer arte.
Dava orgulho na gente saber que o futebol brasileiro era considerado o melhor do planeta bola.
Agora, não mais. Jogador brasileiro bom é o formado no futebol da Europa, onde existem competições de grande nível.
Tanto é verdade que a Seleção Brasileira é formada por quem joga no velho continente. Por quem atua lá fora.
Vejam só essa manchete sobre a Seleção em Londres: “Como Dorival Jr. quer transformar a Seleção em um time de Premier League”.
Pelo trabalho da comissão técnica, nos bastidores dos treinos em Londres, é possível perceber que a inspiração de Dorival é o campeonato inglês e suas equipes.
Segundo o treinador brasileiro, um exemplo a ser seguido em questões táticas, técnicas, passando por estrutura e organização.
“Passes rápidos e precisos, intensidade e marcação sob pressão”.
Nada errado em buscar novos conhecimentos e juntá-los ao nosso jeito de fazer as coisas.
Afinal, um País só existe quando é capaz de produzir uma cultura própria que o diferencie dos outros.
Por outro lado, numa mudança de olhar, estaríamos, inexoravelmente, diante de uma realidade futebolística tão atual assim?
Afastada anos-luz do que sabemos fazer diferente com a bola?
É chegada a hora de se mandar para o vinagre essa história de “Brasil, bola, gingado e prazer”, em nome de um futebol estritamente coletivo?
Ando desconfiado.