Quem são os culpados

O técnico do Ceará, Guto Ferreira, resolveu assumir a responsabilidade pelo insucesso alvinegro diante do Atlético de Goiânia. Cuidou de explicar as razões pelas quais fazia publicamente sua “mea-culpa”. Não buscou o confessionário isolado das igrejas. Usou as redes de televisão para dizer à torcida que ele errara, sendo dele, portanto, exclusivamente a culpa pela derrota sofrida. Não entendo assim. A culpa não pode ficar nas costas de um só, quando o fracasso é coletivo. Até compreendo a posição de sacrifício assumida pelo treinador, mas foi mais um gesto de boa vontade para livrar de maior cobrança e pressão os seus comandados. A culpa é generalizada. O Ceará pecou por inteiro. Em nenhum momento foi incisivo. Em nenhum momento se revelou intenso no propósito de colocar nas cordas o adversário. Entrou morno como água de banho-maria. E mole como quem está fazendo pudim. Jamais assumiu a altivez de quem está em casa. Nem soube cantar de galo como teria de fazê-lo. Essa atitude não pode ser atribuída ao treinador. Os jogadores também sabem de suas responsabilidades e compromissos. Se não fizeram a aplicação contundente é porque resolveram contemporizar. Todos erraram.

No Fortaleza 

O técnico tricolor, Marcelo Chamusca, não levou para si toda a culpa do fracasso em Bragança Paulista. E errado estaria se o fizesse. Igualmente é de todos a responsabilidade pela derrota do Leão. Também não se pode escolher David porque perdeu a melhor oportunidade quando a partida estava empate. Também Osvaldo perdeu. Também Bergson perdeu. 

Volume 

Ceará e Fortaleza foram muito parecidos nesta 25ª rodada. Parecidos até na maneira de perder, ou seja, sofrendo gol na reta final, quando não há mais tempo para qualquer reação. Nocaute mesmo para ir para casa chorando, como menino frouxo que leva um cascudo e não sabe reagir. Não foram os Ceará e Fortaleza de brio, de vontade, de coragem. Diria: dois times indiferentes. 

Sequência 

Ficou a impressão de que os times não conseguem fazer três jogos consecutivos com ritmo puxado. Fazem dois. No terceiro o fôlego pede balão de oxigênio. E não dá para trabalhar em alta rotação. Só pode ser por isso. E, se for, é até compreensível. Mas a verdade que saltou aos olhos foi clara: ambos não mostraram disposição para a luta intensa. Estavam mais para acomodação. 

Pílulas 

Ainda não vejo motivo para maiores temores, quando olhamos pelo retrovisor. O Fortaleza tem cinco pontos de vantagem sobre o Vasco, o primeiro time da zona de rebaixamento. E o Ceará tem sete pontos de vantagem sobre o time vascaíno.  

A margem pode ser trabalhada com segurança, desde que mantenha o padrão de pontuação até aqui observado. A margem de sete pontos, como dizia o Dimas Filgueiras, é confortável. A margem de cinco é controlável. Que não se perca de vista essa observação.