Jogadores fora da posição de origem

Vojvoda o colocou Crispim na lateral-esquerda ou ala esquerda. Hoje o jogador é tudo e muito mais

Foto: Kid Júnior

Há treinadores que conseguem descobrir onde seus jogadores podem render mais, não importando a posição de origem. Olho clínico que percebe o momento ideal para fazer proveitosas adaptações. Quando Guto Ferreira passou a usar Saulo Mineiro no comando do ataque, o atleta cresceu. Pena ter sido negociado logo depois, exatamente quando começou a corresponder. Na ficha de Lucas Crispim consta que ele é meio-campista e atacante. Vojvoda o colocou na lateral-esquerda ou ala esquerda. Hoje Crispim é tudo e muito mais.

Lembro que, logo após a escalação de Crispim nessa posição, alguns companheiros não concordaram, pois para o setor o Leão tinha Bruno Melo e Carlinhos, dois ótimos jogadores. Gabriel Dias, que ainda busca se encontrar no Ceará, teve momentos no Fortaleza onde foi meia, centroavante, lateral, ala, tudo.

Agora mesmo, no Fortaleza, Tinga faz e acontece em várias partes do campo. Longe o tempo em que o atleta guardava posição, estacionado que nem um poste. Feliz o treinador que tem esse feeling, ou seja, o da melhor utilização dos atletas colocados à sua disposição. Muitos atletas só deslancham quando nas mãos de treinadores assim. 

Encaminhamento 

A atleta dos Estados Unidos, Wilma Rudolph, ganhadora de três medalhas de ouro nas provas de 100m rasos, 200m rasos e revezamento 4x100, era jogadora de basquete. Um técnico, observando a velocidade da atleta, sugeriu que ela fosse para o Atletismo. Deu certo. Wilma tem uma história belíssima. Teve paralisia infantil. Só começou a andar aos 12 anos. Superou tudo. Venceu. 

Mudanças 

A história do futebol está repleta de episódios onde os treinadores mudam para melhor a vida dos atletas. Mas também há treinadores que arruinam a vida de alguns dos seus comandados. Esta relação nem sempre é fácil de ser conduzida. Não raro, há assédio moral. Perseguições existem. Nesta parte, a diretoria tem de estar muito atenta.  

Ídolos 

As dificuldades são maiores quando o técnico bate de frente com o ídolo ou ídolos do grupo. Aí pega fogo. Foi o caso de Rogério Ceni no Flamengo. Houve ali praticamente uma rebelião velada, mas muito bem captada pelos repórteres que cobriam o dia a dia do clube. Quando Ceni foi demitido, veio à tona uma série de situações desagradáveis.  

Teimosia 

Erram os treinadores quando insistem em mudar a posição de um atleta, máxime se contra a vontade do jogador. Forçar a barra nesse caso é falta de respeito. Muitas vezes o atleta atende apenas para evitar desgastes. É comum acontecer a queda de produção de um atleta em razão da teimosia de treinadores ditatoriais.