Um sol para cada atleta na volta do futebol

Hora certa, pontualidade britânica: 09 horas, ontem, a bola voltou a rolar pelo Campeonato Cearense. Tive a felicidade de comentar para a Rádio Verdes Mares Barbalha 0 x 5 Ceará. De volta a matéria-prima. O Sol de 09 horas da manhã é vitamina D pura. O de 10 horas queima. Procurei a sombra do jogador. Coisinha de nada. Quase na vertical. Segundo o narrador Dênis Medeiros, era como se houvesse um Sol para cada atleta. Então 22 sóis, apenas para começar. Haja calor. O Ceará surpreendeu, não pela superioridade diante do fragilizado Barbalha, mas pela intensidade de luta e velocidade mantidas sob calor escaldante. Guto só passou a substituir a partir de 17 minutos do segundo tempo. O Barbalha fez o que lhe estava ao alcance. Arriou de vez no segundo tempo. Mas lutou. Foi digno, profissional. Participou. Louvável ter honrado o compromisso, mesmo tento que apelar para improvisos emergenciais. Nestes tempos de coronavírus, muitos se aproveitam da situação para fugir da raia e aplicar balões. Barbalha não fugiu. Submeteu-se ao suplício de uma goleada anunciada. Entrou em campo assim mesmo. Oportuna lição.

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Clássico

Amanhã, às 22h30, o clássico Ceará x Fortaleza. Aí, sim, não haverá desculpas de fragilidade. Ambos cumpriram basicamente as mesmas ordens emanadas das autoridades da saúde. Ambos voltaram ao mesmo tempo e cumpriram os mesmos protocolos de seguridade. Estão, pois, no mesmo patamar.

Nos bastidores

Para a liberação do futebol, houve uma conferência virtual articulada pelo senador Luís Eduardo Girão, da qual participaram o senador Cid Gomes, o presidente do Ceará Robinson de Castro e o presidente do Fortaleza Marcelo Paz. Daí, Cid, sensibilizado, foi ao governador Camilo Santana que, após ouvir o conselho gestor, autorizou a volta do futebol.

Fatores

Segundo o senador Luís Eduardo Girão, os fatores que mais pesaram foram a situação financeira que ficaria insustentável se o futebol não voltasse logo e o novo momento vivido pela cidade de Fortaleza que tem sob melhor controle a redução da contaminação da doença, prova de que as políticas de isolamento social aqui aplicadas foram corretas.

O jogo realizado ontem, segunda-feira pela manhã, remeteu a uma decisão acontecida em 1954. Num domingo à tarde, A Seleção Cearense e a Seleção Paraense faziam em Belém o jogo que decidia o título de campeão do Norte do Campeonato Brasileiro de Seleções.

Como em Belém desabou um toró, o jogo, que estava empate (0 x 0), foi suspenso. Passou para ser concluído no dia seguinte, segunda-feira, às 09 horas da manhã. A Seleção Cearense ganhou por 2 x 0, dois gols de Pipiu. E voltou com o título de campeã do Norte.