Um para a glória, outro para cárcere

Dia 6 de dezembro de 2009. O Maracanã, ainda o grande Maracanã de antes da reforma, superlotado. O Flamengo precisava da vitória sobre o Grêmio para ser campeão brasileiro, após 16 anos de jejum na Série A nacional. Aos 24 minutos do segundo tempo, o cearense, de Porteira, Ronaldo Angelim, assinala o gol da virada e do título brasileiro. O Maracanã enlouquece. No fim da partida, a torcida em apoteose aplaude os campeões. Ronaldo Angelim tem seu nome chamado em coro pela torcida do Flamengo. O goleiro Bruno, então um dos ídolos do clube, também tem seu nome chamado em coro pela torcida. Bruno fizera bela partida, realizando notáveis defesas. Dois heróis da conquista rubro-negra. Um ano depois, em 2010, Angelim continuava no clube, titular absoluto na função de quarto-zagueiro. O goleiro Bruno no cárcere, acusado de matar Elisa Samudio, com quem tivera um filho, produto de um relacionamento furtivo. Em 2013, Bruno seria condenado a 20 anos e nove meses de prisão, fato que definitivamente arruinaria a sua brilhante ascensão no futebol brasileiro. Em 18 de julho de 2019, passou para o regime semiaberto.

Destino

Lembrei do saudoso jornalista Blanchard Girão que, na década de 1960, escrevia na Rádio Dragão do Mar um programa chamado "Um Cárcere Em Seu Destino". Ele mostrava como, às vezes, por um segundo, por um ato de loucura, tudo muda na vida das pessoas. Com Bruno foi exatamente assim que aconteceu.

Festejado

Até hoje, Ronaldo Angelim é lembrado pelo golaço que marcou. Não raro, é chamado para homenagens em vários lugares do Brasil. No ano passado, Angelim foi homenageado no Município de Envira, no interior do Amazonas, quando do aniversário da cidade. Houve um amistoso amador. Lá encontrou Odvan, que tinha sido zagueiro do Vasco.

Retorno

Bruno, após ser beneficiado pelo regime semiaberto, luta para voltar ao futebol. Até um dirigente do Barbalha chegou a anunciar o interesse do clube cearense pelo ex-goleiro do Flamengo. Mas a rejeição foi grande. A imagem do jogador Bruno, pelo bárbaro crime que cometeu, segue muito comprometida.