Técnico acima de todos os ídolos do clube

Nesta minha vida profissional de 54 anos de batente, não lembro ter visto num time de futebol algum treinador superar o prestígio dos jogadores, verdadeiros ídolos, quer do passado, quer do presente. Estou vendo agora. É o que está acontecendo com o técnico Rogério Ceni. De simples condutor da equipe do Fortaleza em campo, ele passou a uma posição superior, não pela hierarquia, mas pela devoção e amor de uma torcida fantástica. No Leão do Pici há duas histórias: uma antes de Rogério Ceni; outra depois dele. Tem valido sua experiência de jogador que foi campeão do mundo pela Seleção Brasileira e pelo São Paulo. Tem valido a condição de mito que ele herdou dos tempos de goleiro do São Paulo. Tem valido a transformação que ele promoveu no Fortaleza, fazendo o Tricolor cada vez mais vencedor. Pelo menos, no momento, Ceni é intocável, insubstituível. O próprio torcedor pergunta como será o Fortaleza sem Rogério Ceni. Está aí uma indagação de difícil resposta. Basta ver a experiência negativa, embora efêmera, da passagem do treinador Zé Ricardo pelo Pici. A sombra de Ceni ficou pairando entre os tricolores, até o seu triunfal retorno ao time.

Prestígio

Notáveis treinadores deram sua contribuição profissional ao Fortaleza. Nos velhos tempos, Moésio Gomes e Caiçara, responsáveis por significativas conquistas. Coisa mais recente, Luís Carlos Cruz e Ferdinando Teixeira também ganharam os aplausos da torcida. Mas Ceni está indo muito além.

Ampla reforma

Rogério Ceni, com seu carisma, a todos envolveu. Não se limitou a treinar a equipe. Convenceu os diretores do Fortaleza a realizarem reformas estruturais no Pici, tomando por base o que ele, como jogador, tinha no São Paulo. Avanços de modernização que também mostraram a excelência de sua visão profissional.

Parceria

É bom destacar que, para concretizar seus objetivos, Ceni sempre contou com o irrestrito apoio do presidente Marcelo Paz. Aliás, Marcelo teve visão futurista. Além da jogada de marketing com a vinda de Ceni, abriu espaço para repercussão nacional dentro e fora de campo. Obteve êxito nas duas vertentes.

Por aqui passaram treinadores que sacudiram as equipes. No início da década de 1970, o Ceará contratou um treinador chamado Zé do Rio, homem de palavra fácil. Ia à Praça do Ferreira e fazia a cabeça da torcida. Tornou-se ídolo, mas as derrotas logo derrubaram seu prestígio.

Dimas Filgueiras fez história no Ceará. Soldado do clube. Foi tudo: jogador, técnico, supervisor. Muitas vezes campeão. Só não foi presidente. Salvou o Ceará em muitas ocasiões. Ninguém tem história de tantos serviços prestados a um clube quanto Dimas tem. Inigualável.