Semelhante a um ataque terrorista

Leia a coluna desta sexta-feira (23)

Não consigo entender como grupos agridem e matam, tendo por motivo insatisfações decorrentes do futebol. Sou de um tempo em que as torcidas adversárias iam juntas aos estádios. Juntas assistiam aos jogos. E juntas voltavam para casa. Sem nenhum problema. E, se por acaso, houvesse algum desentendimento, a turma do “deixa disso” logo resolvia a questão. E nem era preciso a intervenção de policiais. Nas décadas de 1950 e 1960, os torcedores tinham comportamento civilizado. Predominava a urbanidade. 

Hoje, estou perplexo diante da violência praticada por determinados grupos de torcedores. É extremamente grave o que uma certa “torcida organizada” do Sport praticou contra a delegação Fortaleza. Ato criminoso, premeditado, covarde, que provocou lesões corporais em seis jogadores do Leão. O desfecho poderia ter sido trágico, inclusive com a morte de vários atletas. A meu juízo, houve tentativa de homicídio. Os agressores assumiram deliberadamente o risco de matar os atletas. As autoridades brasileiras devem assumir uma posição severa diante do fato, se não quiserem que se transforme em rotina o ataque a ônibus transportador de delegações esportivas.  

 

Impunidade 

 

Não é a primeira vez que delegações esportivas sofrem ataques de bandidos, que se dizem torcedores de futebol. Não são torcedores: são bandidos. O setor de inteligência da Segurança Pública de Pernambuco deve trabalhar rápido, no sentido de identificar os agressores. O que houve em Recife não pode se transformar em mais um caso de impunidade no Brasil. 

 

Advertência 

 

Anteontem, o elenco do Fortaleza foi alvo da violência praticada por grupos organizados. Qual será o próximo time a passar por ataques semelhantes? Se não houver severa e exemplar punição, isso poderá desencadear no país uma sequência interminável de atos violentos da mesma natureza. Há grupos que praticam a vindita. O assunto é muito mais sério do que se imagina. 

 

Surpresa 

 

Reconheço que há um esforço muito grande das autoridades brasileiras, no sentido de conter as ondas de violência no âmbito do esporte, dentro e fora dos estádios. As dificuldades são visíveis, quanto ao controle fora dos estádios porque os grupos atuam de surpresa. Muitas vezes não há como o sistema de segurança fazer o monitoramento. 

 

Difícil 

 

Como entender que torcidas organizadas do mesmo time entrem em conflito? Qual o motivo gerador desses conflitos, se vestem as mesmas cores e torcem pela mesma equipe? Fica muito difícil compreender o que há por trás de determinadas posições. É um caso que precisa também ser analisado com muito rigor.  

 

Conclusão 

 

A agressão sofrida pela delegação do Fortaleza não pode ser contabilizada como apenas mais um ato de violência dentro do esporte. Também não pode ser comparada a tantas outras que aconteceram por aí. Foi o ato de um grupo perigoso que assumiu deliberadamente o risco de matar os atletas. A resposta, no âmbito policial e judicial, tem de ser dada com o máximo de rigor.