Seleção Brasileira e as músicas campeãs do mundo

Copa do Mundo de 1970. O Brasil vinha de uma humilhação terrível, sofrida na Copa da Inglaterra em 1966. Despachado na primeira fase, padeceu a frustração de um tricampeonato que imaginara possível, mas desfeito no gramado de Liverpool. Agora o México como cenário. Novas esperanças. Das glórias de 1958, apenas Pelé em campo e Zagalo à beira do gramado, já como treinador. Os patrocinadores da rede de televisão, que cobriria o evento pela primeira vez ao vivo para o Brasil, abriram um concurso para escolher uma música, visando a estimular a Canarinho. O compositor Miguel Gustavo ganhou com “Pra Frente Brasil”, que virou febre nacional. Coube ao Coral Joab a gravação original. E logo entrou no embalo da vitória brasileira. Transformou-se no hino da seleção. O Brasil vivia delicado momento político com o regime de exceção. A conquista do tricampeonato mundial e o sucesso da música citada foram aproveitados pelo setor de propaganda governamental. O tri e a música passaram a ser explorados pela comunicação oficial como êxito do regime, fato que gerou uma série de embaraços para o compositor Miguel Gustavo.

Objetivo

Miguel Gustavo fez a música de cunho esportivo. Como, porém, a associaram aos interesses do regime de exceção, insinuaram que Miguel a tinha composto para o governo militar. Inaceitável argumento, pois o compositor a fizera com o único objetivo de ganhar o concurso promovido pela Gillete, Esso e Souza Cruz.

Pegou

Não há como falar no tricampeonato brasileiro no México sem citar a música “Pra Frente Brasil”. Estão, como faces da mesma moeda, ligados pelo mesmo triunfo. Miguel Gustavo tão tem culpa se o governo do presidente Médici a encampou como troféu do regime. Erro de avaliação foi discriminar o inocente compositor Miguel Gustavo.

Sucesso

Nenhuma outra música como tema da seleção alcançou tanta repercussão e graça. A de 1958, intitulada “A Taça do Mundo É Nossa”, foi também cantada nas ruas, mas jamais como “Pra Frente Brasil”. Essa superou as expectativas. De jingle publicitário às paradas de sucesso, uma música imortalizada pela notável conquista em campo.

Pílulas

A música “A Taça do Mundo é Nossa”, de 1958, foi aproveitada, ou seja, repetida na conquista do bicampeonato da Canarinho no Chile em 1962. Não há registro de alguma composição feita para 1966, coincidentemente o ano de um terrível fracasso.

“Meu Canarinho”, música de Luiz Ayrão para a Copa de 1982 na Espanha, poderia ter virado hino da Seleção Brasileira. Tinha letra e ritmo para cima, mas desabou quando a seleção de Telê Santana sucumbiu na tragédia do Sarriá diante da Itália