Não sei o que há em determinadas situações no futebol. Quando se espera um time ousado, eis que a apatia predomina e desmancha a boa expectativa que se tinha. O segundo tempo do Fortaleza em Salvador foi um exemplo do que digo. A fase final do jogo tricolor em Santos ficou gravada na memória. O time perdia por três gols de diferença. Quando se pensava numa goleada maior, o Fortaleza arrasou. Foi ousado, corajoso. Empatou e quase promoveu a virada na Vila Belmiro. Aí veio o segundo tempo do jogo na Fonte Nova.
Cadê o ousado Leão da Vila? Onde se escondeu aquele time lutador, bravo, que encostou o Santos e empatou o jogo? Na Bahia um Leão apático, de apenas duas conclusões. Pergunto: como, se a formação era basicamente a mesma? Duas situações diametralmente opostas: na Vila, garra; na Fonte Nova, anemia. Essas coisas geram apreensões. A irregularidade de produção não transmite segurança aos analistas.
Ora, força, confiança; ora pusilanimidade, fraqueza. Qual o ânimo para a próxima partida? Não digo seja intenso como na fase final em Santos, mas jamais tão tênue quanto o foi na Bahia. Um meio-termo seria o ideal.
Semelhança
O mesmo se pode dizer do Ceará com relação à fase final na Arena Corinthians e à fase final no Castelão diante do Botafogo. Em Itaquera a reação espetacular que culminou com o empate após estar perdendo por 2 a 0 no primeiro tempo. E quase a virada. Aqui, no Castelão, nem tanto.
Diferenças
Eu não sei o motivo dessas produções tão díspares e de reações tão diferentes. Ora o time busca forças onde não tem e consegue dar a volta por cima; ora tem a força à sua disposição, mas não a usa na totalidade disponível. Parece não ser tocado pelo espírito que inflama, deixando-se dominar pela acomodação, fruto da preguiça.
Intensidade
Somente conseguirá êxito neste returno quem se dispuser a jogar no ritmo intenso o maior tempo possível. Competição de alta performance exige preparação acima do nível para superar os percalços. Quem aceitar apenas o desempenho trivial correrá sério risco de rebaixamento. Compreendo que Ceará e Fortaleza, se desejam mesmo permanecer na elite, terão de render muito mais.
O lateral-direito do Ceará, Cristovam, vinha sofrendo forte marcação da torcida. Se o jogo diante do CSA fosse aqui, não aconselharia sua escalação, pois ele foi humilhado na sua própria casa. Como o jogo é no Rei Pelé, distante da torcida alvinegra, pode ser que lá Cristovam consiga superar as dificuldades. Caberá ao técnico Enderson avaliar as reais condições do atleta no momento.
Justo quando mais vai precisar de Felipe Pires o Fortaleza fica privado da possibilidade de utilizar o jogador no jogo contra o Palmeiras. Nas mais recentes partidas, Pires tem mostrado a importância de sua presença, ora marcando gol, ora na participação coletiva. Não vejo no momento quem, no atual elenco tricolor, possa garantir semelhante desempenho.