Quando a inspiração entra em campo

Confira a coluna desta sexta-feira (6)

No futebol, a inspiração especial de um atleta pode acontecer a qualquer tempo, ou seja, no minuto inicial ou no transcorrer de um jogo morno, sem graça. Pode também acontecer com alguém que saia do banco e modifique totalmente a história. Há os que entram e incendeiam um espetáculo que estava frio como um freezer. Hoje, escrevo sobre o argentino Tomás Pochettino, que brilha intensamente no Fortaleza. O Leão estava ganhando do Palestino por 1 a 0. Na fase final, o treinador Vojvoda resolveu processar algumas modificações.

Fez entrar Pochettino no lugar de Calebe. Pochettino iluminou. Com ele a lucidez. Com ele, os caminhos para a goleada foram gradualmente abertos, já por sua insinuante participação. O Leão passou a ser um novo time, consciente e incisivo. Mudou o enredo, mudou o repertório. Levou o Fortaleza a uma vitória radiante pelo fulgor do seu talento. Pochettino fez 2 a 0 num chute que me lembrou o canhão de Bececê, um ponta-esquerda tricolor que, na década de 1960, pela força do chute, assombrava os goleiros cearenses. Depois, Pochettino deu o passe perfeito para Lucero fazer 3 a 0. Aí, para finalizar, Pochettino marcou mais um gol. Não é preciso dizer mais nada.  

 

Titio 

 

Tomás Pochettino é sobrinho do ex-zagueiro da Seleção Argentina, Mauricio Pochettino, que disputou a Copa América de 1999 e a Copa do Mundo de 2002. Mauricio Pochettino brilhou no futebol espanhol, atuando pelo Espanyol, onde ganhou a Copa do Rei. Teve boa passagem pelo futebol francês, com destaque no PSG e no Bordeaux. Encerrou a carreira aos 34 anos. 

 

Na dele 

 

É claro que o elenco do Ceará acompanhou a vitória do Fortaleza sobre o Palestino. Nada melhor do que estudar a produção tricolor, antes de uma decisão importante como a de sábado, onde um penta estará em jogo. O Ceará pode tirar disso um certo proveito. Além do desgaste sofrido pelo tricolor, Morínigo pôde examinar as alternativas usadas pelo Vojvoda.  

 

Próximo 

 

No clássico-rei não há favorito. Pouco importa se uma equipe tem elenco mais forte que a outra. Na hora tudo pode ficar nivelado em razão da história, tradição e rivalidade. Isso vale para sábado. Tenho dito repetidas vezes: o elenco do Fortaleza é maior e melhor. Tem a vantagem do empate. Teoricamente, o penta, lógico, está mais para o Pici. Mas o clássico-rei não permite antecipações.  

 

Repensar 

 

Nas vitórias do Ceará sobre o Fortaleza, a peça de ataque alvinegra funcionou bem, levando sucessivos desconfortos aos defensores do Leão. Erick e Janderson tiveram significativas participações, principalmente Erick. Já no clássico-rei passado aconteceu exatamente o oposto. Eric e Janderson foram neutralizados. Morínigo terá de repensar sua proposta. 

 

Nó górdio 

 

O técnico do Fortaleza,  Vojvoda, que nas três derrotas consecutivas vinha sendo superado pelo técnico do Ceará, Gustavo Morínigo, deu o troco no clássico-rei passado. Vojvoda deu um nó górdio no Ceará, que não conseguiu sair da marcação que lhe foi imposta. Agora, o desafio de Morínigo é, seguindo o exemplo do Rei Alexandre, o Grande, cortar o nó górdio deixado por Vojvoda.