Permanência e reflexão

Um viva ao futebol cearense, mas com ressalvas. Ceará e Fortaleza permaneceram na Série A do Campeonato Brasileiro, mas cada um teve um narrativa bem diferente. Até começaram iguais, mas foram tomando rumos bem distintos ao longo das 38 rodadas. Enquanto o Tricolor foi crescendo de produção, principalmente na reta final da disputa, o Vovô foi caindo, trocando de técnico e ficando sem opções no elenco para suprir machucados e suspensos.

Mas tudo pode se resumir a uma palavra bem simples: planejamento. O detalhe é que a palavra "planejamento" pode até ser simples em sua pronúncia ou escrita, mas nem sempre é tão fácil de se executar. E a facilidade com que o Fortaleza se organizou passou longe de ser a mesma com que o Ceará pensou 2020. Sem tanto dinheiro, a diretoria tricolor precisou ser cirúrgica nas contratações e buscou atletas que, de fato, resolvessem. E resolveram. Wellington Paulista, Osvaldo e Felipe Alves foram os pilares de uma campanha que classificou a equipe para a Copa Sul-Americana. Do outro lado, com bem mais dinheiro em caixa, o Alvinegro não fez boas compras, principalmente as mais caras, que não renderam metade do que poderiam.

Reflexão

Por isso, é hora de refletir bem mais do que comemorar. Embora, a festa seja merecida aos torcedores. Ao Leão, entender que precisa se reforçar, principalmente por conta da carga de competições que terá na próxima temporada. Basta lembrar que em fevereiro, o Leão do Pici terá Campeonato Cearense, Copa do Nordeste e Sul-Americana ao mesmo tempo. Ao Vovô, a situação é bem mais drástica: reformular praticamente todo o time e não errar novamente nas escolhas na hora de contratar, como neste ano.

Vai ou fica?

Terminado o Brasileiro, o assunto no Fortaleza se volta para a permanência de Rogério Ceni no comando técnico. O treinador diz que vai decidir pela semana. Quem sabe até a próxima quarta-feira. O fato é que Ceni ficar ou não definirá muito do planejamento para 2020.

Admitir erros

Em coletiva, Robinson de Castro disse que o elenco não correspondeu. Mas também o clube foi o responsável por procurar e contratar cada jogador. A culpa pela má campanha deve ser parcelada para todos.

Festa da torcida do leão foi exemplar na Arena Castelão, após a vitória por 2 a 1 sobre o Bahia. Fogos, luzes e um novo show de mosaicos marcaram o fim da partida, sem contar o pedido em coro de "Fica, Rogério", em alusão a uma possível permanência de Ceni no Leão do Pici.

Cruzeiro mereceu cair. Com campanha bem abaixo e jogadores experientes em Série A, a Raposa não conseguiu fazer um gol sequer nas últimas rodadas. E mesmo dentro de casa, só com a sua torcida, não foi capaz de reagir. O Ceará, que também fez uma campanha ruim, salvou-se com a ajuda da incompetência mineira.

* Roberto Leite escreve interinamente a coluna nas férias de Tom Barros