Os lentos avanços do futebol feminino no Brasil

Leia a coluna de Tom Barros desta quinta-feira (27)

As mulheres sempre foram muito discriminadas nos ambientes futebolísticos. Na década de 1950, poucas mulheres frequentavam os campos de futebol. Houve uma exceção na Copa do Mundo de 1950, quando o Brasil sediou a competição. Nos filmes dos jogos da época, o público feminino aparece em número bem significativo nas arquibancadas do Maracanã. Na Europa, a situação era um pouco melhor. No filme da final da Copa do Mundo da Suécia, quando do jogo em que o Brasil conquistou o seu primeiro título mundial, muitas mulheres aparecem no Estádio Rasunda em Estocolmo. Foram exceções. Na verdade, o futebol era um reduto predominantemente masculino. Para se ter uma ideia, em 1956, ano em que comecei a comparecer ao PV, havia apenas duas torcedoras no estádio: Dona Chaguinha, torcedora do Ceará, e dona Filó, torcedora do Ferroviário. A partir da década de 1960, as mulheres foram chegando mais. Tomaram gosto. Ocuparam espaços. Assumiram posições. Souberam se impor. O futebol feminino cresceu mais no exterior. No Brasil, somente nas últimas décadas o futebol feminino passou a ser olhado com melhor atenção. Ainda assim, bem abaixo do que se dá ao futebol masculino. 

Apoio 

O futebol feminino no Estado do Ceará está longe de ser o que todos os cearenses gostariam que fosse. É notória a falta de apoio. Há carência de recursos. O Estado de São Paulo é o que oferece melhor estrutura. Aqui, observo os esforços dos nossos clubes, no sentido de avançar em qualificação. Mas acho tudo muito embrionário ainda. 

Diferença 

O público brasileiro ainda não oferece à Seleção Brasileira feminina a mesma atenção que dá à Seleção Brasileira masculina. Querem uma prova? Poucos torcedores sabem a escalação da Seleção Brasileira feminina. A maioria sobe dois ou três nomes. E olhe lá. Até nós, os cronistas, também pecamos nesta parte. 

Exemplo 

Querem outro exemplo que mostra o quanto o futebol feminino no Brasil ainda é olhado com indiferença? Quando sai a convocação da Seleção Brasileira masculina, logo surgem debates acalorados. Uns querem fulano, outros querem beltrano e outros querem cicrano. Quando sai a lista das convocadas, a maioria da torcida nem conhece quem é quem. 

Prestígio 

Talvez agora, com a melhor divulgação e interesse pela atual Copa do Mundo de futebol feminino, as jogadoras passem a ser mais conhecidas do público. Se o Brasil conseguir seu primeiro título mundial, possivelmente o futebol feminino ganhará mais respeitabilidade e prestígio. Por enquanto, diria, está numa fase transitória em busca da total afirmação financeira. 

Salários 

Não há como comparar os salários pagos no futebol masculino e os salários pagos no futebol feminino. Isso no mundo todo. Não é apenas no Brasil. Mas admiro a garra e a vontade dos que fazem o futebol feminino. São lutadores que se agarram ao ideal de colocar o futebol feminino tão vencedor quanto vencedor é o futebol masculino. Seria muito importante o título mundial agora.