Há desportistas que adoram falar de 4-4-2, 4-3-3, 4-2-4, 3-5-2... A Fifa reconhece apenas a existência de seis modelos táticos. Todos os demais serão variações dos seis que ela reconhece. Na década de 1970, o então meu professor Adolfo Marinho, engenheiro, que depois foi deputado federal e ocupou cargos públicos da maior importância, era um estudioso do futebol. Muito me incentivou a compreender as organizações dos times, máxime as preparadas pelo técnico Zagalo, de quem, creio, Adolfo era fã. Seu incentivo foi importante, mas jamais gostei do mote. Quem se debruça sobre isso é o comentarista Wilton Bezerra. Nas entrevistas com treinadores ele adora questionar posições. Digo a vocês, com toda humildade, que tenho dificuldades para entender esse emaranhado de números. Antigamente era mais fácil. Os jogadores mantinham as posições e você nitidamente via a formação que estava sendo adotada. Sou do modelo pirâmide: 2-3-5, que vinha na escala recitada como música: Gilmar, Djalma Santos e Bellini; Zito, Orlando e Nilton Santos; Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagalo. Mas aí, em 1958, a pirâmide só era pirâmide no papel. Em campo virou 4-2-4, variando para o 4-3-3. Eu queria ver era a bola na rede.
Paciência
O velho Wilton Bezerra gosta de descobrir que modelo inicial e que variações. E aí busca analisar as alterações. Quando narro jogo e ele comenta, não tenho trabalho de me ater às táticas. Fico com a bola e ele se vira para mostrar como anda a distribuição da moçada. Vou na carona embora às vezes considere confusão demais o angu (lembrei do Praxedes Ferreira) servido à la carte.
Só um modelo
Levo na gozação todos esses modelos que são anunciados por aí. Se a Fifa reconhece oficialmente só seis modelos táticos, eu reconheço apenas um: o 4-3-3. Lógico que estou na brincadeira do saudoso treinador César Moraes. Ele dizia que modelo é o 4-3-3 e que todos os demais são derivações. Meu amigo, quando a bola rola, mistura tudo.
Importância
Sei da importância da tática no futebol. Ganha jogo. Tudo bem. Mas tudo vai depender do material humano disponível e também das condições dos atletas no dia do jogo. Qual em número o modelo tático do Carrossel Holandês de 1974? Resposta simples: todos por um e um por todos. Encantou, inovou, mas esbarrou no pragmático futebol alemão.
Pílulas
A Hungria de 1954 surpreendeu o mundo porque já entrava em campo com o time aquecido. Aí impunha velocidade inicial que os adversários, não aquecidos, não acompanhavam. Resultados: em todos os jogos da Copa o time húngaro, com 10 minutos, já estava ganhando por 2 a 0.
No jogo final da Copa, logo aos 10 minutos também fizera 2 a 0 diante da Alemanha, que virou para 3 a 2 e ganhou a Copa. O pragmático futebol alemão iniciava ali seu recado ao mundo. Que modelo tático os alemães empregaram nos 7 a 1 sobre o Brasil? Resposta simples: modelo pelada.