Oito times do interior na Série A cearense

Leia a Coluna desta quarta-feira (17)

Quando comecei a acompanhar o Campeonato Cearense, no final de 1956, a competição tinha a apenas times da capital. O Gentilândia sagrou-se campeão. Disputaram o certame de 1956, além do Gentilândia, América, Calouro do Ar, Ceará, Fortaleza, Ferroviário, Nacional e Usina Ceará. Em 1957, apenas sete clubes, todos da capital. Em 1958, oito participantes, sempre da capital. Somente em 1967 houve a inclusão do primeiro time do interior, o Guarany de Sobral. Em 1968, houve a inclusão do segundo time do interior, o Quixadá. Nesse ano, houve também a inclusão do Messejana, time de um bairro de Fortaleza. 

Em 1973, aconteceu a participação de mais dois times do interior, o Guarani e o Icasa, ambos de Juazeiro do Norte. Foram onze participantes em 1973, com quatro times do interior. Em 1994, Itapipoca participa pela primeira vez. Em 1995, é a vez de Uruburetama. Em 1996, chegaram Portuguesa do Crato, Iguatu, Esporte de Limoeiro e o América de Russas (16 participantes, sendo oito do interior). Em 1998, a competição passou a ter novamente apenas dez clubes, sendo cinco do interior. Nos anos seguintes passou a ser visível a gradual redução da presença de times do interior. Em 2024, do interior apenas Iguatu e Barbalha. 

 

Interiorização 

 

A política de interiorização, adotada pela Federação Cearense de Futebol, alcançou o seu melhor momento em 1996 e 1997. O Campeonato foi disputado por 16 equipes, sendo oito do interior. Em 1998, com as mudanças de critério, o campeonato voltou a ter novamente apenas dez participantes. Depois disso, observou-se claramente a predominância de times da capital. 

 

De passagem 

 

Outras equipes do interior chegaram a alcançar a Série A, mas tiveram passagem efêmera. Assim marcaram presença passageira Juazeiro, Boa Viagem, Itapajé, Crateús, São Benedito e Trairiense. As dificuldades financeiras tornaram inviável montar bons times no interior. O custo passou a ser muito alto. As prefeituras, por outras prioridades, deixaram de patrocinar as equipes. 

 

Luta 

 

Hoje, Iguatu e Barbalha são os únicos representantes do interior. Bravos representantes, que operam milagres para bancar a participação. Com orçamentos limitados, conseguem resultados que, não raro, surpreendem até os chamados grandes. Em fevereiro de 2022, o Iguatu eliminou o poderoso Ceará e ganhou a vaga na fase semifinal do Campeonato Cearense. 

 

Fora 

 

Uma prova inequívoca das dificuldades está na ausência de tradicionais times do interior, que estão fora na Série A cearense neste 2024. Inadmissível a ausência de Icasa, Guarani de Juazeiro do Norte e Guarany de Sobral. Essas equipes são de regiões economicamente importantes para o Estado do Ceará. Por aí se vê como está difícil bancar futebol no interior. 

 

Glamour 

 

Os campeonatos estaduais conseguem manter o glamour, o magnetismo, não obstante o apertado calendário estabelecido pela CBF. Há toda uma história de mais de cem anos. História que será continuada agora com desafios muito especiais. O principal deles: o hexacampeonato, objetivo do Fortaleza, título nunca alcançado por um clube no futebol cearense.