O retorno do futebol e os novos cenários pós-pandemia

Todos sonham com a volta das emoções do futebol. Mas, pelo menos nos primeiros tempos, será o difícil a retomada na total dimensão. Outra vez cito a música do Lulu Santos: “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. Aliás, essa canção, concebida para expressar sentimentos de um coração amante, pode ser estendida à situação do mundo hoje. Quer no futebol, quer em outro segmento, jamais o panorama será semelhante ao de antes do coronavírus. Quão difícil será o atleta se acostumar com os estádios vazios. Os outrora “gigantes de concreto” feitos para receber multidões agora reduzidos a desertos silentes. Como testemunha das jogadas geniais, apenas a imóvel armação de ferro e cimento, plena de cadeiras vazias. Não haverá mais o correr para a galera senão para o público virtual, a quilômetros de distância. Nem o grito de gol nas arquibancadas, nem o alarido da torcida. A celebração do gol em um estádio lotado leva às lágrimas. Coisa recente, a televisão mostrou os dois gols de Romário na vitória sobre o Uruguai, fato que garantiu o Brasil na Copa dos Estados Unidos. Aqueles gols, se no reduzido Maracanã de hoje, não teria as mesmas graça, ornamentação e beleza.

Bares e restaurantes

Nos primeiros tempos do retorno, certamente também não haverá as aglomerações nos bares e restaurantes que retransmitem em telões os jogos de futebol. Até esses “pequenos estádios virtuais” tiveram de ser desfeitos por algum tempo. E somente voltarão quando a situação estiver sob melhor controle.

Transmissões

As emissoras de rádio terão de apelar para efeitos especiais. O grito de gol isolado de um narrador, sem o grito da torcida, fica seco, sem graça. Aí acontecerá o “milagre”, ou seja, o estádio vazio com a torcida gritando. Uma montagem que colocará frente a frente o que é e o que o narrador desejaria que fosse.  

Sem som

Não faz muito, colocaram na Rádio Verdes Mares uma narração que fiz no Estádio Allianz Arena, em Munique, na Copa da Alemanha em 2006. Meu grito no gol de Ronaldinho e logo em cima veio o grito da torcida. Aquilo empolga o narrador que se envolve no espetáculo. Vai no embalo. Já pensaram sem a torcida?

Agora, embora de forma temporária, vem aí a permissão para cinco substituições de jogadores. Quase a metade do time. Só compreendo isso de forma passageira mesmo. Substituir cinco jogadores vira pelada dos antigos campinhos da Gentilândia.

A rigor, a única coisa que a princípio não fará falta é o VAR. Que vá mesmo porque para complicar não há necessidade dele. Além disso os auxiliares de arbitragem terão suas mães preservadas de palavrões, pois não haverá torcida para xingar.