Em 2019, a crônica esportiva do Sul e do Sudeste fez do técnico português, Jorge Jesus, um sábio de todas as coisas, deixando em terceiro plano os técnicos brasileiros. Em terceiro plano porque em segundo ficou o argentino Jorge Sampaoli, também incensado como sábio. Pelo fato de Jesus ter feito belo trabalho no Flamengo, houve a apressada conclusão de que os treinadores nacionais estavam ultrapassados. No Brasil é assim: ou oito ou oitenta. Solução agora seria a importação de técnicos europeus. No Flamengo, o espanhol Domèneque Torrent. No Palmeiras, a possível vinda do espanhol Miguel Ángel Ramírez. No Vasco, o técnico português Ricardo Sá Pinto. Pronto: estão aí os novos doutos do futebol. Ora, Portugal não tem sequer um título mundial. A Espanha tem apenas um. A Argentina tem dois (o de 1978 questionado até hoje). O Brasil tem cinco títulos mundiais. Todos conquistados com treinadores brasileiros. Não sou xenófobo. Acho louvável o intercâmbio. Que venham todos os europeus. Nada contra. Ridículo é o modismo dos dirigentes brasileiros. Amigos, o melhor treinador do futebol brasileiro no momento é Rogério Ceni. E nasceu em Pato Branco, no Estado do Paraná.
Moda
Quando a Hungria montou a sua notável seleção, máquina de fazer gols na década de 1950, assombrou o mundo. Foi campeã olímpica de 1952 e vice-campeã mundial de 1954. Nela estavam Kocsis, Hidegkuti, Puscas e Czibor. Foi tida e havida como a mais avassaladora das seleções. Na Copa de 1954, arrasou o Brasil. Ganhou (4 x 2) e deu um show de bola nos brasileiros.
Primeiro
Pronto. Depois do sucesso dessa notável seleção húngara, espalhou-se a ideia de que a solução estava nos treinadores húngaros. O São Paulo foi o primeiro a tomar a iniciativa. Trouxe o técnico húngaro Béla Guttmann, que tinha treinado o time do Honved, de Budapeste, justo quando Puskas e Kocsis faziam parte do grupo. Guttmann ganhou um título paulista em 1957.
No Ceará
O alvinegro também teve seu técnico húngaro, que fez o maior sucesso aqui: Janos Tatray. Ele ganhou o título de bicampeão cearense pelo Ceará em 1961 e 1962. Tatray fez tanto sucesso que comandou a Seleção Cearense no Campeonato Brasileiro de Seleções de 1962, ficando em terceiro lugar, eliminada pela Seleção Carioca na semifinal.
Passada a euforia da seleção húngara, com o fim da famosa equipe avassaladora da década de 1950, não mais se falou em trazer técnicos húngaros. Agora, a moda é trazer técnicos de Portugal e da Espanha, tudo em razão do sucesso
do Jorge Jesus.
Continuo entendendo esse modismo como uma bobagem muito grande. Certamente tudo isso passará como passou o tempo dos treinadores húngaros. Quero ver qual vai ser a próxima onda. Afirmo: no Brasil há treinadores muito qualificados, sim.