Lembro da agonia que o Ceará viveu no ano passado, quando lutava desesperadamente contra o rebaixamento. Nas cinco últimas rodadas, a esperança e o desapontamento caminharam juntos. A esperança, a última que morre, foi morrendo aos poucos quando o Vozão perdeu (2 x 1) para o Inter em Porto Alegre. Reacendeu quando no Castelão enfrentaria o Fluminense. Em casa teria uma chance a mais. Nada feito. Perdeu também para o Fluminense (0 x 1). Diante do Corinthians seria difícil. E foi. Nova derrota. Deu Corinthians (1 x 0). Viria o modesto Avaí no Ressacada. O Ceará conseguiu ser menor que o Avaí. Perdeu o jogo (2 x 0) e foi rebaixado ali mesmo. Uma tragédia anunciada. Começou em Iguatu quando, ainda nas quartas de final, o Vozão foi eliminado do Campeonato Cearense. Depois, foi eliminado da Copa do Nordeste pelo CRB. Depois, foi eliminado da Copa do Brasil pelo Fortaleza... Uma interminável sequência de fracassos que terminou com a queda definitiva. Foi a que mais doeu. E ainda incomoda até hoje. Por que então relembrei essas coisas ruins? Resposta simples: para evitar que sejam repetidas. Ao primeiro sinal de fracasso, logo se proceda a correção de rumo.
Subir
O compromisso do Ceará, o maior de todos, o mais importante de todos, é subir para a Série A nacional. É garantir vaga na elite em 2024. O Ceará não é time de Série B. Está na Série B, mas não é de Série B. Já foi. Agora tem estrutura para estar e permanecer na elite. Portanto, subir é o maior desafio do Ceará este ano.
Acaso
A história tem provado que ocasionalmente um clube de maior projeção pode cair para a Série B. No ano passado, Cruzeiro, Grêmio, Bahia e Vasco da Gama estavam na Série B. Mas, na verdade, são times de Série A. Já passaram pela Série B Fluminense, Botafogo, Vasco, Cruzeiro, Atlético-MG, Internacional, Corinthians, Palmeiras... Mas, na verdade, não são times de Série.
Correção
O erro da diretoria do Ceará em 2022 foi a lerdeza nas reações que deveria ter tomado logo aos primeiros sinais de que o time cairia. O atual comando alvinegro não poderá repetir os mesmos erros da diretoria anterior. Terá de ser rápido e certeiro na correção de rumo. Não poderá ficar com “boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”, como diria o saudoso Raul Seixas.
Avaliação
Não é possível saber como estão os adversários do Ceará na Série B 2023. A rigor, somente após quatro ou cinco rodadas, se terá uma ideia do padrão das equipes. Apontar favoritos pela história e pela tradição virou um risco. Nem sempre os tradicionais conseguem seus desideratos. Os emergentes estão chegando. Isso aconteceu até na Copa do Mundo. Viram o que fez o Marrocos?
Status
O Fortaleza alcançou posição de alta respeitabilidade. Tem um elenco forte e qualificado, pronto para enfrentar as adversidades da competitiva Série A. Mas terá de seguir também com muita atenção nos mínimos detalhes. Não pode, por exemplo, passar pelo risco que passou em 2022, quando esteve na zona de rebaixamento até a virada do turno. É um risco que não poderá ser repetido.