O jeito é trabalhar em cima das incertezas

O limite de espera estourou em toda parte. Na medida em que a reserva financeira vai acabando, é natural que haja a reação pela abertura da volta ao trabalho. Assim o futebol vem estrebuchando. É o instinto de sobrevivência. Observem que até a famosa Liga dos Campeões está em apuros com o retorno do Confinamento a Lisboa. É que a final da competição está marcada para o Estádio da Luz, de propriedade do Benfica. Aqui, os presidentes do Fortaleza e do Ceará, Marcelo Paz e Robinson de Castro, respectivamente, estão tentando de tudo para retomar as atividades oficiais. Admitem até jogar fora do estado, pagando as despesas dos adversários no caso do Campeonato Cearense. O jeito é mesmo trabalhar nas incertezas. Os cenários mudam. Hoje Fortaleza vive uma situação menos complicada, mas não livre do risco da volta de um fechamento total. Assim também Lisboa quando reabriu. Os portugueses de Lisboa cometeram graves erros de avaliação e de percepção dos fatos. A situação complicou outra vez. Assim também será em qualquer outro lugar do mundo. E o jeito mesmo será o futebol trabalhar em cima das incertezas.

Olimpíada e datas

Observem que prejuízo na preparação dos atletas que tinham programado seus treinos para chegarem ao ápice exatamente no mês da realização da Olimpíada. Começaria agora no dia 24 de julho próximo em Tóquio, no Japão. Passou para 2021. Perder um ano na vida de um atleta pode ser fatal para as suas pretensões, mormente para os de mais idade.

Marcas

Outro detalhe: ninguém sabe se daqui a 2021 a situação estará favorável no Japão. Presume-se que sim. Eles são muito disciplinados. Acontece que terão de receber atletas do mundo todo, de países onde a situação está controlada e de país onde o controle total ainda não tenha sido alcançado. E aí, como é que fica?

Cenário

Meu filho, Gabriel, joga vôlei no Uberlândia-MG. Em março, a situação lá estava sob controle. Mesmo assim o clube parou as atividades. Ele veio para Fortaleza, que estava no auge da crise. Agora, Fortaleza tem a situação sob controle, enquanto Uberlândia viu complicar a crise. Resultado: ele está sem poder voltar. Um ano perdido na sua carreira de atleta.

Em linhas gerais, o mundo ainda está inseguro, sem previsão quanto ao término das incertezas, a não ser que surja uma vacina verdadeiramente eficaz. Sem isso, tudo irá oscilar de acordo com a consciência coletiva de evitar ou não a propagação da doença.

Compreendo também que as iniciativas terão de ser tomadas pelas lideranças, numa aposta otimista. Ficar de braços cruzados, esperando a morte chegar, não tem cabimento. É ir tocando o barco de acordo com as circunstâncias que se apresentam.