O inaceitável confronto entre as “organizadas”

Leia a Coluna desta terça-feira (16)

O Campeonato Cearense de futebol começa sábado próximo. Mas, antes mesmo de a bola rolar em jogos oficiais, já se observa a preocupação das autoridades com relação aos possíveis confrontos entre as torcidas organizadas. Com um detalhe inacreditável: os confrontos entre as organizadas do mesmo time. Dá para entender? Eu não consigo. É tudo muito estranho. O normal é a união entre as torcidas do mesmo time. Se o ideal é fortalecer o apoio à equipe, mediante uma ação conjunta, não tem cabimento qualquer tipo de separação. 

Mas é notória a divisão que provoca inexplicáveis desavenças entre os próprios alvinegros e entre os próprios tricolores. O setor de inteligência dos órgãos de segurança deve desde já monitorar as redes sociais, visando a se antecipar aos fatos. Agora há uma dupla preocupação. Antes era evitar a briga entre tricolores e alvinegros. Agora é tentar evitar a briga entre alvinegros e alvinegros e entre tricolores e tricolores. Eu não sei mais definir o que seja uma torcida organizada, nem seu papel no contexto. Na década de 1970, quando o desportista Valter Filgueiras fundou a “Morena”, primeira torcida organizada do Estado, os fins eram pacíficos. Hoje...

 

Prejuízo 

 

Em outubro de 2022, quando do jogo Ceará 1 x 1 Cuiabá no Castelão, pela Série A do Campeonato Brasileiro, houve uma briga entre duas torcidas organizadas do Ceará. Com a invasão do gramado, o árbitro encerrou o jogo. O Ceará, que estava pressionando e poderia desempatar, foi prejudicado. Faltavam seis rodadas para a conclusão do certame. O Ceará terminou rebaixado. 

 

Alerta geral 

 

No sábado passado, os conflitos entre duas torcidas organizadas do mesmo Ceará voltaram a criar problemas nas ruas da Gentilândia. Foi antes do jogo de apresentação dos novos contratados alvinegros. A polícia teve de intervir para evitar consequências graves. Em temporadas passadas, o Vozão perdeu vários mandos de campo. Isso amplia demais as dificuldades do time. 

 

Envergonhado 

 

Em 2023, na semifinal da Copa Sul-Americana entre Corinthians e Fortaleza no Estádio Neo Química, em São Paulo, duas torcidas organizadas do Fortaleza entraram em confronto. A Polícia paulista interveio e alguns torcedores foram presos. O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, repudiou o que houve e se disse envergonhado. Disse até que o clube ajudaria a identificar os envolvidos. 

 

Ideia 

 

O objetivo da criação das torcidas organizadas era muito bom, ou seja, ornamentar os estádios e dar apoio ao clube de forma coletiva e ostensiva. No começo tudo transcorria muito bem. Os problemas começaram quando os grupos incharam e fugiram do controle dos dirigentes. O envolvimento de malfeitores desvirtuou o objetivo inicial.  

 

Conclusão 

 

As autoridades do setor de segurança pública devem se antecipar aos fatos. Os episódios concretos mostram que as divisões entre as torcidas do mesmo time tendem a se acentuar. Cabe à polícia detectar os motivos que possam conduzir a novos confrontos. E, claro, estabelecer as operações específicas, visando a neutralizá-los.