Os mais exigentes torcedores do Fortaleza já vinham pegando pelo pé o atacante Marinho. Realmente, ele ainda não tinha feito uma atuação à altura da expectativa gerada pelo valor de sua contratação. E a sequência de derrotas do Leão também vinha prejudicando o jogador, que, como os demais do elenco, estava em débito. Nem um gol sequer Marinho havia marcado. Mas tudo tem seu tempo. No momento da aflição, o predestinado faz a diferença. É na hora das adversidades mais fortes que os jogadores de fibra se agigantam. Assim aconteceu com Marinho: do banco para a glória.
O primeiro recado ele deu ao mandar uma bola na trave logo depois que entrou. Mas o melhor estava por vir. Os minutos finais corriam em meio à ansiedade de uma nova derrota iminente. É ali, onde os nervos estão à flor da pele, que o jogador frio controla as emoções e não se deixa contaminar pelo desespero. Então surge a chance final. Agora ou nunca. Tudo ou nada. O momento em que a força mental prevalece sobre os temores. Marinho vai para a cobrança da falta. Respira. Concentra-se. A cobrança saiu mais que perfeita. Uma curva como se a bola fosse teleguiada. O gol (1 a 1). A classificação. O herói.
Afirmação
Muitas vezes, os torcedores precipitados colocam tudo a perder. Não têm paciência para aguardar o momento certo. Nem sempre nos primeiros jogos o atleta consegue adaptação imediata. Varia muito. Há os que explodem logo na estreia. Há o que demoram um pouco até acontecer a sintonia fina. Pode ser que agora Marinho tenha a sua afirmação entre os tricolores.
Entrevista
Também gostei das colocações feitas por Marinho, após a partida. Ele falou com extrema sinceridade. Disse de seu compromisso com o Fortaleza. E de seu desejo de corresponder ao que a torcida espera dele. Bem diferente do Marinho que por aqui passou há alguns anos. Amadureceu. Mostrou-se integrado à religiosidade cristã. Que bom.
No Ceará
Observem que, no domingo passado, Saulo Mineiro estreou pelo Ceará. Retornou muito bem. Não precisou de tempo para adaptações. Entrou se sentindo em casa como se nunca tivesse saído. Acontece. São circunstâncias que variam de acordo com a situação. Agora é esperar para ver se o êxito alcançado no jogo inicial terá sequência nos próximos jogos.
Estreia brilhante
Nunca esqueci a estreia de um atacante paraense, chamado Edil, que teve regular passagem pelo Ceará em 1991. Na sua primeira partida, Edil arrasou. Marcou quatro gols e deu um show de bola. Se imaginava que seria destaque no campeonato. Não foi. Edil teve discretas atuações. Até hoje não vi um jogador brilhar tanto na estreia, quanto Edil brilhou. Só na estreia.
Ídolo
Edil fez história no futebol paraense, tanto no Remo, quanto no Paysandu. Foi ídolo nos dois maiores clubes do Pará. Edil está com 59 anos de idade. Mora em Belém. É muito querido pelas duas torcidas. Ele jogou também no Vasco da Gama, no Vitória da Bahia e no SC Espinho de Portugal. Encerrou a carreira em 2004 no Ypiranga do Amapá.