O técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, abriu as baterias contra o calendário do futebol brasileiro. Até tudo bem. É público e notório o massacre praticado contra os jogadores. Mas Abel não soube para onde atirar. Errou o alvo e errou feio. Disse que a culpa era da imprensa, que não exercia o seu papel de combater esse problema. Admito que a imprensa pode até mesmo ter sua dose de culpa. Poderia ser mais contundente. É verdade. Mas Abel não disse que os maiores culpados são os dirigentes dos clubes e de federações que aprovam o calendário como aí está.
Diante da bola levantada por Abel, volto a ouvir vozes que pareciam adormecidas. As vozes dos querem a extinção dos campeonatos estaduais. Os fantasmas de sempre. Vozes roucas, cavernosas, que amanhã já silenciam ao primeiro aceno de um razoável patrocínio. A pergunta é simples: a extinção dos certames estaduais dará mesmo ao calendário nacional a folga necessária? Acho difícil. Concordo com o comentarista, Wilton Bezerra. Segundo ele, no dia em que extinguirem os campeonatos estaduais, no mesmo dia surgirá outra competição. Basta um aceno com dólares. Pelo visto, a voz de Abel será apenas mais uma a pregar no deserto.
Contradição
Enquanto não forem extintos, os campeonatos estaduais continuarão sendo destruídos pela inanição. Interessante é que citam os certames estadias como algo ultrapassado e sem graça. Sim, mas quando um time é eliminado do “estadual” pelo maior rival, aí é um Deus nos acuda. E quase sempre o treinador perde o cargo.
Ladainha
O desejo de extinguir os campeonatos estaduais não é de hoje. É uma pregação antiga, muito defendida por alguns dirigentes, jogadores e treinadores. Se assim é, por que não conseguem tal extinção? Resposta simples: porque ainda há quem fature com esse tipo de competição. Enquanto isso ocorrer, os campeonatos estaduais sobreviverão, a despeito de todas as críticas.
Flexibilização
Fui um defensor intransigente dos campeonatos estaduais. Havia em mim um apego afetivo porque os campeonatos estaduais foram a origem de tudo. Berço de tantas histórias e tradições. Hoje, já não sou tão intransigente. Estou vendo coisas que muito me aborrecem no futebol. Continuo contra a extinção. Mas, se acontecer, aceitarei como tenho aceitado tantas outras aberrações no futebol.
Pênalti
Existe algo pior do que a atual interpretação dada aos pênaltis, onde a mão agora é também antebraço e braço. Onde pouco importa a intenção do atleta, mesmo que esteja de costas para o lance. Existe coisa mais ridícula do que isso? Mas todos aceitam. Tenho de engolir tal absurdo. Mas deixo o meu protesto.
Reforma
Tive de engolir as reformas que reduziram a capacidade dos estádios, nem sempre justificáveis. Pior ainda: tive de engolir o modismo que passou a chamá-los de arena. Um tal de modelo Fifa que “assassinou” o Maracanã. Então, amigos, o tempo vai ensinando. Estou vendo o Vasco da Gama com uniforme sem a tradicional faixa transversal. Basta!