O fascínio de atuar no gol

Leia a coluna de Tom Barros

Não sei a razão pela qual tenho admiração muito grande pela função do goleiro. No primeiro clássico-rei a que assisti na minha vida, em 1956, quem mais me impressionou foi o goleiro do Ceará, Ivan Roriz, de quem me torneio fá incondicional. O uniforme dele era todo preto, com o número um, branco, nas costas. O goleiro é o avesso do futebol. Está ali para impedir o que mais o torcedor quer ver: o gol. É, portanto, o do contra. Mas, mesmo assim, é especial. Ora herói, ora vilão. Quando sofre um frango, meu Deus... Quando pega pênalti, aí é o maior.

Toda essa lembrança me veio em razão da estreia do goleiro Santos pelo Fortaleza. Santos é ouro olímpico. Na Olimpíada de Tóquio, em 2021, ele foi titular em todos os jogos da Seleção Brasileira. Sua estreia pelo Leão foi discreta, até porque o River de Teresina pouco incomodou. Santos está aí para lutar pela posição de titular. Certamente será uma disputa salutar com João Ricardo. São dois profissionais de grande valor. Melhor para o técnico Vojvoda que terá opções seguras, máxime quando das maratonas a que são submetidas as equipes nas competições paralelas. Vale a velha frase tão repetida no futebol: quem tem dois, tem um; quem tem um, não tem nada.  

Atuação 

Além da estreia do goleiro Santos, pelo Fortaleza, outro motivo que me levou a escrever sobre o assunto foi a bela atuação do goleiro do Ceará, Richard, no empate (0 x 0) com o Náutico Capibaribe no Estádio dos Aflitos, em Recife. Sempre considerei Richard um goleiro muito bom. E, no dia em que está inspirado, torna-se um gigante. Que baita atuação. 

Opções 

A bela atuação de Richard passou a ser um ótimo motivo para o técnico do Ceará, Vagner Mancini. Numa maratona como tem se tornado o futebol brasileiro, será preciso opções seguras para todas as posições. Ele tem Fernando Miguel e Richard. Uma disputa interna leal indicará ao treinador qual o ideal para cada situação. 

O melhor 

Em 1956, eu tinha nove anos de idade quando me tornei fã incondicional do goleiro Ivan Roriz. Mas o melhor goleiro que vi em ação foi Harry Carey, um pernambucano que marcou época no futebol cearense, atuando pelo Ceará, Fortaleza e Seleção Cearense. Harry Carey foi fantástico. Destacou-se nas décadas de 1950 e 1960. 

Lista 

Guardo com carinho a lembrança de bons goleiros que vi em ação nas décadas de 1950 e 1960. Além de Ivan Roriz e Harry Carey, cito Pedrinho Simões, George, Pedrinho Cruz, Pedronito (também chamado de Pedrinho), Rominho, Sieta, Jairo, Pinto, Romualdo, Dadá, Gilvan Dias, Aloísio II, Aloísio Linhares (Caravelle)... 

Brincadeira 

Lembrei agora do meu dileto amigo, Sebastião Belmino, cronista esportivo muito querido na nossa cidade. Ele dizia que todo goleiro deveria jogar de batina. Motivo simples: assim não correria o risco de sofrer um gol entre as pernas. Portanto, jamais seria vítima desse tipo de “frango”. Aos goleiros dedico as singelas observações de hoje.