Nem bombas, nem traques, nem truques

O Ceará tem anunciado, gradualmente, seus investimentos na contratação de atletas para a temporada 2020. É normal que, quem mais padeceu pela carência de profissionais qualificados, tenha a necessidade de cobrir as lacunas, visando a evitar a repetição dos vexames. O Fortaleza, que terminou o ano com um elenco convincente, não precisará de um pacote inicial. Quero crer que a cobertura no Leão será feita de acordo com a saída de jogadores considerados essenciais em determinadas funções. Daí a maior prudência nos investimentos por parte do Tricolor de Aço. Há alguns anos, janeiro era época de "bombas". Hoje, não há "bombas", nem traques, nem truques. Há transações normais, envolvendo atletas que gozam de certo conceito, mas nada capaz de causar frisson junto à torcida. Nada também de medalhões, que vinham mais pelo que foram no passado do que pelo que são no presente. O próprio intercâmbio e também a visibilidade trazida pela televisão deixaram para trás fantasias geradas por vídeos editados com esmero. O controle de qualidade feito por especialistas tem diminuído muito a influência dos espertos empresários.

Amostra Grátis

Houve uma época em que vídeos dos melhores momentos dos atletas, editados por quem interessado na venda, mais serviam de amostra grátis, semelhante ao que faz a indústria farmacêutica ao distribuir nos consultórios médicos os produtos que deseja expor. Hoje vale o acompanhamento do dia a dia do atleta. Vídeo sobra para a televisão.

Adequação

A rotatividade no futebol brasileiro é tão grande que tenho dificuldades de acompanhar a trajetória de um atleta. São tantas as camisas que você perde de vista a performance de quem, não faz muito, estava num clube local, ovacionado pela torcida. Aí muda de ares. Desaparece. Depois reaparece com um currículo maior que pretendentes a emprego.

Entrevista

Sempre achei interessantes as entrevistas do jogador Pio, ex-Fortaleza e ex-Ceará, dono do mais potente chute do Brasil. Em 2019, jogou no Bragantino-SP. Pio já atuou pelo Icasa, Fortaleza, Treze, ABC, Monte Azul, Guaratinguetá, Gil Vicente (Portugal), Mirassol, Botafogo, Linense, Ceará e CSA. Um andarilho. Sinto falta das entrevistas meditadas dele.

Apesar de RECONHECER as dificuldades e limitações dos campeonatos estaduais e de ter feito uma revisão de conceitos, ainda cultivo sentimento positivo com relação a esse tipo de disputa. Há ligação histórica porque deles a origem de tudo. O Gênesis do futebol brasileiro. A graça sapiencial dos primeiros tempos.

O futebol AINDA É O melhor meio de popularização. Vejam o caso de Chapecó, antes e depois do êxito da Chapecoense. A interiorização do futebol cearense ficou comprometida pela falta de incentivo e de verbas publicitárias. Nicho adormecido por falta de homens de visão.