Os dois recentes jogos do Fortaleza deram a convicção de que o time está preparado para o desfio internacional diante do Independiente em Buenos Aires. "Mi Buenos Aires Querido", como na música de Gardel. A goleada (5 x 0) sobre o Atlético, com show de Osvaldo, deixara dúvida pela fragilidade do adversário. Mas a goleada (3 x 0) sobre o Santa, justo numa competição maior, animou o grupo e a torcida. A Sul-Americana está num patamar mais elevado e não comporta comparações com as outras duas frentes em que o Leão trabalha. Entretanto, as vitórias com placar amplo costumam incutir nas mentes a confiança necessária para os desafios seguintes. Há quem tenha temores de que tais vitórias contra dois times inferiores ao Independiente possam encobrir possíveis defeitos da equipe. É verdade que, não raro, expediente assim acontece, ou seja, seguidas conquistas acabam mascarando fragilidades não detectadas por falta de competidores de maior envergadura. Não creio, porém, que estas existam de forma significativa no Fortaleza. Questão é vibrar com as vitórias, mas sem se deixar levar pelas ilusões. Não desviar, pois, o foco da realidade.
Pesado Incômodo
O terceiro jogo do Ceará sem vitória numa competição mais exigente que o Campeonato Cearense está incomodando. Um fiasco em casa com o Paulistano. Uma pequena melhora no empate com o Fortaleza. Um retrocesso diante do ABC em Natal. A ausência de vitória provoca manifestações desfavoráveis. A lembrança negativa de 2019 invadiu 2020.
Queda de Fucks
A saída do técnico Argel Fucks, do Ceará, estava anunciada desde a semana passada. Quem lhe deu uma sobrevida foi William Klaus que marcou o gol da vitória sobre o Pacajus. Klaus, sem querer, impediu ali a queda de Fucks. Em Natal, porém, sem gols e sem vitória, sem avanços e perspectivas, a lâmina fez rolar a cabeça do treinador.
Retorno de Enderson
Gostei da decisão da diretoria do Ceará. A meu juízo, Enderson Moreira, na sua primeira passagem no Vozão, foi demitido na hora errada, justo quando estava colhendo os primeiros frutos de seu trabalho. Agora terá a oportunidade de uma retomada. Desta vez, deixem Enderson trabalhar. Nada de precipitações.
O Atlético venceu. Ganhou do Ferroviário (4 x 2). Um jogo pleno de alternativas, ora com o controle coral, ora com o controle atleticano. O Ferroviário foi prejudicado pela arbitragem. Na minha avaliação, o árbitro Glauco Feitosa equivocou-se em dois pênaltis assinalados contra o Ferrão. No primeiro, Wandson não foi atingido. No segundo, Clisman sofreu falta fora da área, com o árbitro marcando dentro.
Agora é saber que efeitos virão dessa derrota do Ferroviário, a primeira sob o comando de Anderson Batatais. Sim, o Ferrão foi prejudicado pela arbitragem, mas, em momentos, o time coral pecou pela desatenção. No segundo gol de Wandson, a defesa coral dormiu. E no gol de Catarina, do Atlético, apenas dois defensores corais acompanharam o contra-ataque. Cochilo inaceitável.