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Atônito

Perder do ABC de Natal, dentro do Castelão, não é coisa do outro mundo. Mas coisa do outro mundo, sim, é perder como o Fortaleza perdeu. O ABC chegou com sete desfalques. Quebrado mesmo. Quando a bola rolou, parecia que quem estava quebrado era o campeão cearense. O ABC, de Paulo Musse e Valdir Papel, sentiu-se tão em casa, que até aplicou olé. Transformou o Estádio Plácido Aderaldo Castelo no Frasqueirão. E deitou. E rolou. E venceu. E sorriu. Faz mais de um mês que o Fortaleza não sabe o que é vitória. A última vitória tricolor aconteceu no dia 23 de maio, no Castelão, quando aplicou 5 a 1 no Gama. Depois disso, derrotas e empates, num rosário de insucessos que culminou com a derrota para o ABC, sábado passado. Dispararam todas a sirenes. Alerta total no Pici. Se não retomar o caminho da vitória na próxima rodada, o já atônico tricolor poderá entrar em pânico. Feia a coisa.

Estréia

O técnico Barbiéri não tem culpa do que aconteceu com tricolor. Só agora ele definirá melhor as peças, tendo perfeito conhecimento de causa. Uma coisa é escalar o time com base apenas nos treinos. Outra coisa é escalar com base na realidade dos jogos oficiais.

Aplausos

Quem foi rei sempre é majestade. O técnico Ferdinando Teixeira, de tanta afinidade com o Fortaleza, onde deixou um legado de conquistas, foi aplaudido pela torcida do Pici, mesmo estando ele no comando do ABC. Ferdinando é profissional exemplar e ser humano admirável.

Em casa

Ainda bem que o próximo jogo do Fortaleza será no Castelão. Não quero acreditar que o tricolor, mesmo com todos esses problemas de transição, fará sem vitória seu terceiro jogo em casa. Aí será terrível. Nas duas últimas partidas que fez aqui, o Fortaleza empatou com o Avaí (2 a 2) e agora perdeu para o ABC (2 x 3). Para quem quer chegar ao G-4, não dá.

Recado

Raul deu o recado dele. Além dos dois gols quer fez, mostrou algumas jogadas de maior lucidez. Cabe ao Barbiéri examinar a participação desse atleta e definir o que será melhor para o grupo na próxima rodada.

Contato

O time perde contato com os líderes (turma do G-4), quando fica a sete pontos do quarto colocado, ou seja, nem com duas vitórias seguidas chegará ao G-4. O Fortaleza está a seis pontos do G-4. Portanto, com duas vitórias poderá encostar. Mas já deve estar de olho na turma que vem atrás.

De camarote

A comissão técnica do Ceará teve um privilégio: ver antecipadamente o que o ABC de Ferdinando Teixeira é capaz de fazer, mesmo quando desfalcado de sete jogadores. Portanto, não poderá alegar surpresa no Frasqueirão. Lula Pereira deve colocar as barbas de molho.

Aperto

Exemplo marcante do aperto no grupo que vai do 11º ao 16º na classificação da Série B está na pontuação. Os seis times estão com nove pontos (Gama, Fortaleza, Santo André, Bragantino, Bahia e Marília). A diferença está no número de vitórias ou no saldo de gols. Separação mínima, pois.

Retorno

Que bom ver novamente em ação o lateral-direito Izaquiel, embora num simples amistoso em Cruz. De qualquer forma já é para festejar. O Zequinha, como é carinhosamente chamado em Horizonte, é esperança de melhor produção do Ceará na ala direita.

Seqüência

Dentre tantas contratações que o Ceará fez (operação de risco com gente demais) uma está correspondendo: a de Marcos Paraná. Desde que entrou, ele deixou claro que tem futebol para ser titular absoluto. Com ele a seqüência de jogada acontece na maior tranqüilidade do mundo.

Despesas

Se Marcos Paraná veio para ficar, perdi a conta dos jogadores que vieram, não aprovaram e ganharam o bilhete de passagem de volta. Duvido que alguém saiba de cor os nomes de todos os jogadores que o Ceará trouxe e que, por deficiência técnica, retornaram aos seus locais de origem. Despesas sem retorno. Prejuízo mesmo.

"Time desfalcado faz o que o completo não estava fazendo".

Lucas Mesquita, sobre a atuação e vitória do ABC
Repórter da Tribuna do Norte de Natal