Escalada alvinegra
Em seis rodadas, o Ceará saiu da descrença para a esperança. Chegou ao G-4, com dez pontos, três vitórias e saldo de quatro gols. Para quem iniciou com um amontoado de jogadores, o progresso é significativo. Razão da subida: ganhou todos o jogos que fez em casa. E somou mais um ponto fora, no empate (2 a 2) com o Paraná. As três vitórias fazem a diferença que o coloca no grupo de classificação, em vantagem sobre o Avaí. Os números são fundamentais, mas, acima destes, vale o reconhecido avanço, a despeito de carecer de ajustes para alcançar patamar mais seguro. O ingressar no G-4 não pode passar a impressão de que tudo está 100%. Não raro, avaliação assim leva a equívocos. Como Lula Pereira começou basicamente do zero, incluir-se no G-4 já na sexta rodada é motivo para entusiasmar mesmo. Mas sem fugir da realidade, pois outros desafios, sem as limitações do América, estão a caminho.
Opções
Importante ver jogadores como Dedé e Ederson já oferecendo importante contribuição ao grupo alvinegro. Ao ampliar o processo de inclusão de valores, que há bem pouco tempo estavam amarrados na reserva, Lula também estimula os titulares pela natural concorrência.
Sombra
Há quem diga que certos jogadores só se esforçam mesmo quando têm uma ´sombra´. Quando isso não acontece, acomodam-se, o que inibe melhor produção do jogador. Isso é válido para qualquer profissão, mas muito mais no futebol, onde a disputa pela posição é direta.
Morte
Meu veemente repúdio diante de mais um caso de torcedor assassinado. Agora a vítima foi Jefferson Cabral da Silva, jovem de apenas 17 anos, torcedor do América/RN. Até quando teremos de conviver com situações assim. O esporte, que é para fazer amigos, transformado em instrumento de ódio e agressões. Que mundo é este, meu Deus?
Jovens
No Diário do Nordeste de ontem, levantamento oportuno mostrou que os confrontos entre torcedores cearenses e de outros estados já provocaram a morte de, pelo menos, seis pessoas nos últimos cinco anos. Em todos os casos, jovens envolvidas. É muito triste.
Fachada
A infiltração de gangues nas torcidas organizadas é um problema sério. Muito maior do que a princípio se possa imaginar. Pior ainda quando esses grupos isolados usam a fachada das torcidas organizadas para camuflar seus atos delituosos. Aí a torcida leva a culpa.
Desconforto
Visível o aborrecimento que a torcida do Fortaleza sentiu a ver o time sair do G-4. Verdade que, embora em sétimo lugar, está a apenas um ponto da zona de classificação. Portanto, não perdeu o contato com os três que estão logo à sua frente: Ceará (10 pontos), Juventude (11) e São Caetano (11). O Corinthians está mais distante, com 18 pontos.
Tropeço
O que motivou a atual situação tricolor foi, sem dúvida, deixar de ganhar mais dois pontos, em casa, diante do Avaí. São os chamados pontos tidos como certos e que, no final, fazem uma falta muito grande.
Pouco
O problema tricolor, não é ter saído do G-4 para onde poderá voltar. O problema é o modelo tático travado, que vem sendo alvo de análises desfavoráveis. No empate com o Juventude, no segundo tempo o time chutou apenas uma bola a gol, justo a que entrou. Pouco.
Retomada
Há necessidade de Heriberto da Cunha estudar uma maneira de manter o Fortaleza mais ofensivo quanto o foi nas goleadas sobre Paraná (4 a 1) e Gama (5 a 1). Os jogos diante do Corinthians (2 a 0, Timão) e do Juventude (1 a 1) revelaram tímidas iniciativas no ataque.
Lição
As dificuldades encontradas em Caxias por certo serão também encontradas em Criciúma. Pela lição tomada em terras gaúchas, observou-se que o time com Mazinho, Raul ou Júnior Cearense pensa melhor e amplia as condições de organizar contra-ataques num modelo fechado. Por aí, creio, deva ser o caminho tricolor.
"O momento de brilho e de pura simbiose com a torcida talvez tenha terminado".
Flávio Prado, sobre o Corinthians após perder a Copa do Brasil
Colunista da Gazeta Esportiva.Net