Clássicos regionais
Quando me refiro a clássicos regionais, quero crer que o leitor compreende a importância da tradição nesses encontros. O clássico, como o próprio nome traduz, sai do trivial ou dos jogos comuns para a grandeza dos encontros que marcam a história e a rivalidade dos adversários. Assim, sempre olho com preocupação mais acentuada as partidas em que estão envolvidos times como Remo, Vitória e Santa Cruz, equipes agrupadas no caminho dos cearenses. Ingressei no rádio em 1965. Já em 1967, há 40 anos, fiz minha primeira narração interestadual. Aconteceu exatamente em Belém. Depois, Recife e Salvador. E lá estava, como está até hoje, a pujança dessas equipes que sempre deram trabalho aos cearenses. E assim permanece até hoje. Sei que todos os demais jogos da Série B serão difíceis, mas os clássicos regionais têm suas dificuldades próprias. Goleadas entram para o rol das exceções.
Sistema
O técnico Heriberto da Cunha, se compreendi bem as observações feitas por ele, tem preferência pelo modelo 3-5-2, haja vista a análise dos bons resultados conseguidos pelo Ceará quando assim atuou. Como diz o velho provérbio, contra fatos não há argumentos.
Ídolo
Cada treinador tem seu sistema preferido. Lembro do encanto que Ferdinado Teixeira tinha pelo 3-5-2. Na sua primeira passagem pelo Fortaleza, montou um time muito eficiente. Ganhou o título estadual e até virou ídolo da torcida. Nas outras oportunidades não teve o mesmo êxito.
O Guri
César Morais, o Guri, no auge de sua carreira de treinador, defendia como ideal o modelo 4-3-3. Ele desafiava: ´Coloque dois pontas velozes, bem abetos, para ver se os alas adversários sobem´. Muitas vezes mostrou na prática o que pregava na teoria.
Meu preferido
Sempre gostei do 4-3-3. Dirão, talvez, que o modelo está ultrapassado. Jamais esqueci a Copa de 1958, quando o Brasil campeão tinha na meia-cancha Zito e Didi, mas o Zagallo voltava para compor um pouco atrás. E assim a Canarinho trouxe seu primeiro título mundial.
Moésio, o Paim
Quadrado de ouro era a cara do saudoso técnico Moésio Gomes. E lá estavam Chinesinho, Zé Carlos, Lucinho e Amilton Melo. Quadrado/redondo. Pode? No futebol pode tudo. Quadrado de ouro com bola redondinha. Inesquecível. O técnico Moésio, Amilton Melo, Lucinho e Zé Carlos já morreram. Mas Chinesinho está aí para contar a história.
Variação
Para mim, a nomenclatura, se 4-4-2, 4-3-3, 3-5-2, pouco importa. Como dizia o Ferdinando, tantas vezes citado aqui, importante não é o sistema inicial senão o que vai se ajustando às circunstâncias do jogo. As variações passam a depender da leitura dos treinadores.
Flexibilização
O técnico Zetti tem deixado na frente Rogerinho e William. Quatro ficam na meia-cancha: Léo, Rogério, Cristian e Paulo Isidoro. Sim, mas não raro Simão e Cleiton surgem no ataque, cruzando bolas para a área. A princípio, um 4-4-2; na prática, uma flexibilização que confunde o adversário e vem surtindo efeito altamente positivo.
Automação
Até alcançar o atual momento, onde se nota a automação, Zetti padeceu. Foi muito criticado. Quando chegou o elo que faltava, ou seja, Isidoro, tudo se encaixou, pouco importando o modelo inicial.
Ausência
Simão e Léo fora do jogo em Ipatinga. A ausência de ambos será notada, claro. Mas o sentimento de conjunto que tomou conta do grupo tem tudo para superar o problema. Cocito já vem entrando normalmente. O mesmo se pode do lateral-direito Adriano Spadotto.
Leque
Na medida em que tem de volta Mazinho Lima e Maracanã, o técnico Heriberto da Cunha vê ampliado o leque de opções para o jogo contra o Remo. Volto ao mote inicial da coluna: caberá ao Heriberto a melhor adequação, conforme o material humano disponível. Pimentel, pelo que fez no jogo passado, merece permanecer.
Meu objetivo é entrar e fazer bem a minha parte, como aliás já fiz nas vezes anteriores´.
Spadotto - Lateral do Fortaleza