Matéria-466854

Alegria e frustração

Há empates que deixam um sensação de vitória; há empates de transmitem frustração. O que houve com o Ceará no Barradão foi o sentimento final de tristeza ao ver escapulir pela brecha do descuido uma vitória praticamente certa. É isso mesmo. O fascínio pelo futebol talvez esteja escondido exatamente nas surpresas que costuma preparar. Jamais esqueci a final da Copa do Mundo da Argentina em 1978. O placar mostrava empate (1 a 1) entre Argentina e Holanda. Aos 44 minutos do segundo tempo, Rensenbrink ingressou na área da Argentina, chutou no canto. A bola bateu na trave e saiu. Seria a bola do título mundial holandês. Não foi. Na prorrogação, a Argentina ganhou em casa seu primeiro mundial. A frustração holandesa ainda hoje reside na lembrança daquela bola na trave. Rômulo, do Ceará, teve grande chance aos 48 minutos. Perdeu o gol da vitória. Ficou o sentimento de frustração. É o futebol.

O melhor

A propósito, como está jogando bem o Rômulo. Foi indiscutivelmente o melhor jogador da partida em Salvador. Além da contribuição no gol de Cauê, fez o segundo gol do Ceará e criou embaraços constantes para a defesa baiana. Experimenta ótimo momento.

Exibição

Belo futebol mostrou o Ceará. Muito melhor do que a produção apresentada em Criciúma. Em Salvador, o Ceará não ficou acuado. Pelo contrário, gerou constantes jogadas de ataque. Verdade que o Vitória ´pega´ menos que o Criciúma. Isso facilitou as incursões alvinegras.

Técnico

Heriberto da Cunha merece um registro especial. O Ceará de hoje, revelando crescente produção, nem de longe lembra o Ceará de pouco tempo atrás, onde era impossível encontrar o sentimento de grupo, de conjunto. Heriberto está dando ao time o perfil ideal, de acordo com o material humano disponível.

Defeito

Diria que o Ceará foi muito bem na postura tática. Heriberto fez as alterações certas, no momento preciso, tudo de acordo com as circunstâncias do jogo. O defeito do Ceará foi não saber ´matar´ a partida nas duas excelentes ocasiões que teve: a primeira nos pés de Michel. A segunda, como já citei, com Rômulo.

Definição

A frieza para ´matar´ a partida é essencial num time de futebol. Isso ainda anda faltando ao Ceará. Jogador frio em situações de definição é uma raridade hoje em dia. Aqui, o mais frio dos últimos tempos anda afastado: é o Clodoaldo.

Recado

Fortaleza prosseguiu na série de insucessos. O empate em casa, diante da Ponte Preta, gerou novas apreensões. Se a Santana Têxtil não fizer um tratamento de choque já, poderá ser tarde demais qualquer iniciativa estabilizadora. Muito delicada a situação.

Fase

Quanto ao jogo no PV, o tricolor assumiu logo o controle. Fez pressão. Cristian mandou bola na trave. Mas Wanderlei respondeu, indicando que tipo de ação a Macaca teria. Aí o lance do pênalti cometido por Spadotto. Polêmico porque dependente da interpretação do árbitro. Quando a fase não é boa, até isso acontece.

Erro grave

Pior ainda: houve pênalti claro a favor do Fortaleza, mas o árbitro Suelson Diógenes não marcou. Pênalti cometido sobre Cristian. No Brasil continua a teoria do Armando Marques: ´Há coisas que o árbitro vê e há coisas que o árbitro não vê´.

Arbitragens

Não quero justificar os insucessos do Fortaleza, mas as arbitragens o têm prejudicado muito. No jogo passado, a Portuguesa ganhou com um gol de pênalti inexistente. Agora, o Fortaleza deixou de ganhar da Ponte porque o árbitro não marcou pênalti existente. Proteção a times paulistas?

Observações

Rogerinho, justamente o que seria dispensado, deu resposta em campo: foi ele quem ´incendiou´ o Fortaleza, fez o gol de empate e criou situações. /// Rinaldo se despediu sem conseguir marcar o 100º gol. Perdeu oportunidade incrível. Aliás, não entendi a sua substituição. Poderia ter ficado até o fim do jogo.

"Não gostei. Corremos o tempo todo atrás do Ceará. Era para ter sido o contrário".
Chicão, explicando sua insatisfação com o empate no Barradão
Meia do Vitória